A artista tinha 69 anos
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A fadista Mísia morreu aos 69 anos, confirmou à TSF um amigo da artista.
O escritor Richard Zimler foi das primeiras personalidades a reagir à morte nas redes sociais, mostrando-se "desolado" com a perda de uma "velha amiga".
"A cantora Mísia acabou de nos deixar. Partiu em paz, docemente, sem dores. Gostei tanto dela. Aqui está ela a cantar usando o xaile que lhe fiz", pode ler-se na publicação que Richard Zimler fez no Facebook.
Hélder Moutinho, também fadista, fala de Mísia como uma das maiores representantes do fado em Portugal e no mundo. Por isso é preciso lembrá-la sempre.
"Uma mulher inteligentíssima e muito, muito exigente naquilo que fazia. Fazia questão de ter os melhores músicos à volta dela e teve os melhores músicos à volta dela. É muito triste. Já sabia que ela estava doente, perdemos aqui uma pessoa que obviamente merece tudo aquilo que se puder fazer para que não seja esquecida", recorda à TSF Hélder Moutinho.
Se tivesse de esquecer uma das canções de Mísia que mais o marcou, Hélder Moutinho não teria dúvidas.
"As ‘Paixões Diagonais’, por exemplo, e a ‘Duas Luas’ são dois fados importantíssimos. A Mísia fazia questão de cantar sempre grandes poetas, de ter muito cuidado com o repertório que escolhia, ter muito cuidado com a poesia e com as músicas e canções. ‘Paixões Diagonais’ foi um dos temas mais conhecidos dela", afirmou o fadista.
Susana Maria Alfonso de Aguiar nasceu no Porto e protagonizou uma carreira de cerca de 34 anos, durante a qual atuou nos mais variados palcos do mundo e recebeu diferentes prémios, entre eleso galardão francês Charles Cross pelo seu álbum "Garra dos Sentidos", no qual gravou poemas de Natália Correia, Mário Cláudio, Lídia Jorge, José Saramago, Lobo Antunes, Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, e António Botto.
Mísia editou o seu primeiro álbum, homónimo, em 1991. Em 2022, Mísia editou o álbum "Animal Sentimental", parte de um projeto tríptico sobre trinta anos de carreira, que inclui um livro, com o mesmo título e saído no verão desse ano e estreou um novo espetáculo.
Tiago Torres da Silva, Fernando Pessoa, Mário Cláudio, Natália Correia, Vasco Graça Moura e Lídia Jorge foram os autores escolhidos por Mísia para "Animal Sentimental".
No livro, autobiográfico, a fadista conta episódios inéditos da sua carreira, recuando às memórias de infância e da adolescência, os tempos do colégio interno, gerido por freiras, no Porto, a avó catalã e a mãe, bailarina de flamenco, uma biografia, que como disse à Lusa, a partir de 1991, começou a ser fixado nos discos".
No livro, a cantora narrou a sua luta contra o cancro, que lhe foi diagnosticado três vezes. Além da estreia com "Mísia" (1991), gravou registos como "Garras dos sentidos" (1998), "Canto" (2003) e "Ruas" (2009).
Em 2004 foi condecorada com a Ordem das Artes e das Letras de França e no ano seguinte foi distinguida com a Ordem de Mérito da República Portuguesa.
Notícia atualizada às 20h17