Morreu Fausto Bordalo Dias. PCP manifesta pesar e lembra arranjo musical de "A Carvalhesa"
O PCP declara que "jamais esquecerá o facto de Fausto Bordalo Dias ter aceitado o convite, em 1985, para fazer o arranjo musical de "A Carvalhesa", música popular portuguesa, originária de Trás-os-Montes que acompanha a atividade política do PCP em sucessivas campanhas eleitorais e na Festa do Avante!"
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O PCP manifestou esta segunda-feira pesar pela morte do cantor e compositor Fausto, criador "das mais belas canções portuguesas", que em 1985 fez o arranjo musical de "A Carvalhesa", música-hino da Festa do Avante! e das campanhas eleitorais comunistas.
"O Partido Comunista Português manifesta o seu pesar pelo falecimento de Fausto Bordalo Dias, um dos nomes marcantes da música portuguesa. O PCP salienta o papel de Fausto Bordalo Dias, o compositor e cantor, criador de muitas das mais belas canções portuguesas ao longo de toda a sua carreira artística", lê-se numa nota enviada às redações.
Na mesma nota, o PCP declara que "jamais esquecerá o facto de Fausto Bordalo Dias ter aceitado o convite, em 1985, para fazer o arranjo musical de "A Carvalhesa", música popular portuguesa, originária de Trás-os-Montes que acompanha a atividade política do PCP em sucessivas campanhas eleitorais e na Festa do Avante!, que desperta de forma viva e entusiástica a alegria e confiança no futuro".
"Neste momento difícil, o PCP endereça à família as mais sentidas condolências", acrescenta o partido.
Em 1985 a Comissão Política do Comité Central do PCP criou um grupo de trabalho com o objetivo de se "tentar criar um tema musical para a campanha eleitoral para as eleições legislativas desse ano e que desse identidade sonora às diversas manifestações, desde os carros de som até aos indicativos de tempos de antena", lê-se num texto publicado no sítio do PCP a internet.
Nesse texto, escrito por Ruben de Carvalho, dirigente comunista, jornalista e programador da Festa do Avante!, falecido em 2019, refere-se que esse arranjo de "A Carvalhesa", gravado em 1985, "acompanhou a atividade política do PCP em sucessivas campanhas eleitorais", e "na Festa do «Avante!», cujos palcos sempre abre e encerra e dos quais se tornou verdadeiramente emblemática".
Fausto Bordalo Dias, criador de "Por Este Rio Acima", morreu esta segunda-feira de madrugada aos 75 anos, em casa, em Lisboa, vítima de doença prolongada.
O músico viveu a infância e a adolescência em Angola, onde começou a interessar-se por música, assimilando os ritmos africanos que conjugaria com ritmos e modos da tradição popular portuguesa. O seu primeiro grupo, porém, integrava-se no movimento pop dos anos 60 e tinha por nome Os Rebeldes.
Fixou-se em Lisboa em 1968, quando entrou no antigo Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina, atual ISCSP - Universidade de Lisboa, para se licenciar em Ciências Sócio-Políticas.
A adesão ao movimento associativo aproxima-o de compositores como José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire e, mais tarde, de José Mário Branco e Luís Cília, que já viviam no exílio.
"Pró que Der e Vier" (1974) e "Beco sem Saída" (1975) contam-se os seus dois trabalhos iniciais marcados pela experiência revolucionária.
A esses seguiram-se "Madrugada dos Trapeiros" (1977), que inclui a canção "Rosalinda", "Histórias de Viajeiros" (1979), que abre já caminha a "Por Este Rio Acima" (1982), o seu grande sucesso, inspirado na obra "Peregrinação", de Fernão Mendes Pinto.
Com "Para Além das Cordilheiras" (1989) venceu o Prémio José Afonso.
"O Despertar dos Alquimistas", "A Preto e Branco", "Crónicas da Terra Ardente" são outros dos seus álbuns.
Em 2003, compôs "A Ópera Mágica do Cantor Maldito" (2003), uma perspetiva sobre a história portuguesa pós-25 de Abril.
Em 2009, com José Mário Branco e Sérgio Godinho, fez o espetáculo "Três Cantos", sobre o repertório dos três músicos, dando posteriormente origem a um álbum com o mesmo nome.
