Tinha 92 anos. O músico acompanhou, durante mais de 40 anos, o fadista Carlos do Carmo.
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O viola de fado José Maria Nóbrega morreu, esta terça-feira, em Lisboa, aos 92 anos, disse fonte próxima da família.
José Maria Nóbrega acompanhou, ao longo de mais de 40 anos, o fadista Carlos do Carmo tanto em gravações como em espetáculos, em Portugal e no estrangeiro.
O velório de José Maria Nóbrega realiza-se, a partir das 17h00, na capela da Igreja da Reboleira, onde, na quinta-feira, será celebrada missa, pelas 12h00.
O funeral partirá, depois, às 12h30, da igreja da Reboleira para o crematório do cemitério de Barcarena.
José Maria Nóbrega foi distinguido, em 1981, com o guitarrista António Chaínho, com o Prémio da Imprensa Fado (instrumentalista) e, em 2004, durante a Grande Noite do Fado, realizada no Teatro S. Luiz, em Lisboa, recebeu o Prémio Carreira.
José Maria Nóbrega nasceu a 19 de novembro de 1926, em Alijó, Vila Real, onde passou a infância, segundo uma biografia do músico disponível na página do Museu do Fado.
Aos 10 anos foi viver com os pais para o Porto, onde, por influência do pai, se iniciou no ofício de alfaiate.
Nas horas livres ficava a ver o pai a tocar violão (designação que o instrumento musical tinha em Trás-os-Montes) com um vizinho que tocava bandolim, a quem pediu que o iniciasse na prática musical.
Com um amigo da sua idade que tocava violino, fundou um dueto a que acabou por se juntar outro jovem que tocava viola. Estava, então, formado um trio com quem começou a trabalhar nos tempos de folga e ao qual se juntaram mais músicos, acabando a formação por resultar num conjunto musical, com bateria, saxofone e acordeão, que percorreu romarias e festas de fim de semana e feriados, na região.
Isento do serviço militar, estabeleceu-se com uma loja de alfaiate, em Padrão da Légua, Póvoa de Varzim.
Depois do casamento (aos 22 anos) e do nascimento dos dois filhos (Pedro, 1951, e Maria da Graça, 1953), foi convidado pelo guitarrista Álvaro Martins, com quem se inicia na viola de fado e com o qual toca, durante quase dez anos, numa casa de fados do Porto, o "Tamariz", que marcou a sua estreia.
Em janeiro de 1957, foram convidados pelo cantor e compositor Moniz Trindade para atuarem durante um mês em Lisboa, numa casa que ia abrir na Praça do Chile, a "PamPam", após o que os dois músicos regressaram ao Porto. José Maria Nóbrega, porém, regressaria a Lisboa.
Estabeleceu-se então no Largo da Misericórdia, como alfaiate, aliando a profissão ao gosto pelo fado (acentuada com formação na escola de guitarras Duarte Costa), que acabaria por se dedicar a tempo inteiro.
Com o guitarrista Jorge Fontes apresentou-se no restaurante O Folclore, onde acompanhou fadistas como Ada de Castro e Lídia Ribeiro. Foi durante este período que conheceu o guitarrista António Chaínho.
Simultaneamente atuou nos programas de fado transmitidos pela antiga Emissora Nacional, tendo sido convidado por Filipe Pinto para acompanhar a fadista Amália Rodrigues - um convite que recusou.
Após a saída do elenco de O Folclores, passou a acompanhar diferentes fadistas, dos quais se destacou Carlos do Carmo, com quem trabalhou durante mais de 40 anos.
José Maria Nóbrega tocando "Valsa Alegre", acompanhado de António Chainho, José Luís Nobre Costa e Raul Silva
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