Apesar de ser considerada uma das grandes divas da ópera mundial, Montserrat Caballé não se considerava uma lenda.
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A soprano Montserrat Caballé morreu na madrugada deste sábado, aos 85 anos, no Hospital de Sant Pau de Barcelona.
A soprano, cuja saúde estava fragilizada há vários anos, encontrava-se internada desde setembro num hospital em Barcelona, cidade onde nasceu e à qual dedicou um dos sucessos pelos quais é mais conhecida: a música "Barcelona", do álbum com o mesmo nome, cantada em dueto com Freddy Mercury.
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Em 62 anos de carreira, Monserrat Caballé fez mais de quatro mil atuações e partilhou os maiores palcos de ópera com Luciano Pavarotti, Plácido Domingo ou José Carreras. Apesar de ser considerada uma das grandes divas da ópera mundial não se considerava uma lenda.
Nascida a 12 de abril de 1933 em Barcelona, numa família modesta, Maria de Montserrat Caballé Viviana Concepción i Folch entrou para o "Conservatori Superior de Música del Liceu", em Barcelona, aos 11 anos, e debutou na Ópera de Bâle em 1956, com "La Boheme", de Giacomo Puccini.
A catalã - cuja arte de "pianissimo" era lendária, tal como a sua potência vocal - cantava tão bem Rossini, Bellini e Donizetti como Mozart ou Dvorak.
A 07 de janeiro de 1962, após dois anos em Bremen (Alemanha), Montserrat Caballé finalmente juntou-se à Ópera de Barcelona, o Gran Teatre del Liceu, e foi o início de uma longa história de amor entre a cantora e o seu público.
O sucesso aumentou em 1965, em Nova Iorque, com "Lucretia Borgia", de Gaetano Donizetti, e em 1967 durante a sua primeira "Traviata" (Verdi), sob a direção de Georges Prêtre.
Caballé fez então várias 'tournées' de sucesso no mundo, muitas vezes com a sua amiga, a cantora Marilyn Horne, e triunfou em 1972 no La Scala, em Milão, na "Norma" de Bellini.
A partir de 1992, vários problemas de saúde forçaram-na a reduzir a sua presença no palco. Regressou em 5 de janeiro de 2002 ao Gran Teatre del Liceu, para assinalar o 40º aniversário da sua primeira aparição, o que lhe rendeu uma ovação de mais de dez minutos.
Para assinalar os 50 anos da sua carreira, regressou a 3 de janeiro de 2012 à Ópera de Barcelona para "Outra Noite de Montserrat Caballé".
Ouvida pela TSF, a soprano Ana Ester Neves realça a "técnica extraordinária" de Caballé e lembra o dueto que a soprano catalã fez com Freddie Mercury onde se nota a "cumplicidade enorme" entre os dois artistas, entre diferentes estilos, e uma "inclusão extraordinária da parte dela que revela não só a versatilidade mas também uma grande generosidade."
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O chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, considerou no 'Twitter' que a morte da cantora lírica é uma "triste notícia", realçando que Caballé era uma "grande embaixadora" de Espanha, uma soprano "reconhecida internacionalmente". "Montserrat Caballé, a sua voz e doçura estarão sempre connosco", acrescentou.
O funeral da artista realiza-se na segunda-feira, às 12h00, no cemitério de Barcelona.