A inauguração acontece mais de dois anos depois do fecho em Lisboa
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As novas instalações do Museu Nacional da Música (MNM), em Mafra, vão ser inauguradas no dia 22 de novembro, mais de dois anos depois do fecho em Lisboa, anunciou esta quarta-feira a Museus e Monumentos de Portugal (MMP).
Quando se assinala o Dia Mundial da Música, a MMP assinala, em comunicado, que o programa da inauguração, marcada para um sábado, “inclui diversos concertos e estende-se por todo o fim de semana e dias seguintes”.
“Entre 22 de novembro e até ao fim do mês, a entrada será livre, embora sujeita à lotação dos espaços, recomendando-se reserva de bilhete através da Bilheteira da Museus e Monumentos de Portugal”, acrescentou a MMP, que indicou que a programação completa vai estar disponível no ‘site’ do museu.
A MMP adiantou já que o programa vai contar com "momentos musicais diversos", dando como exemplos as atuações do compositor e percussionista Iúri Oliveira, da Orquestra de Foles, da Orquestra de Gamelão da NOVA FSCH e Embaixada da Indonésia, e do carrilhão LVSITANVS, "o maior e mais pesado carrilhão itinerante do mundo".
"O MNM disporá de um salão imersivo multimédia, cuja programação de inauguração incluirá a estreia de uma obra encomendada ao ilustrador Bernardo Carvalho e ao músico Ricardo Jacinto, e de 'Harpa de ervas', encomendada à compositora Fátima Fonte e à realizadora Adriana Romero e desenvolvida a partir de entrevistas a diversas personalidades como Ana Salazar, Afonso Reis Cabral, Álvaro Siza Vieira, Capicua, Herman José, Rui Paula, Simone de Oliveira e Vasco Palmeirim", revelou a empresa pública.
De acordo com a MMP, o novo circuito de visita do MNM "inclui experiências multissensoriais, táteis e olfativas, dirigidas a todos os públicos, que vão também poder tocar em mais de vinte diferentes instrumentos musicais e modelos de instrumentos".
Adicionalmente, estão preparadas "novas soluções" em termos de acessibilidades: o público cego vai contar com "pavimento podotáctil, braille e audiodescrição", enquanto as pessoas surdas vão ter vídeoguias em Língua Gestual Portuguesa e o público no "espetro autista ou mais genericamente com algum tipo de hipersensibilidade" vai poder usufruir de horários específicos para visitas silenciosas e redução de estímulos visuais.
Instalado desde 1994 na estação de metro do Alto dos Moinhos, em Lisboa, o MNM muda-se definitivamente para o Palácio Nacional de Mafra depois de dois anos de obras, o que significou um atraso de cerca de um ano para a reabertura do museu e um investimento de perto de sete milhões de euros.
"Estas novas instalações permitiram reabilitar 8000m2 do Real Edifício de Mafra, incluindo espaços de reservas e espaços comuns como a bilheteira, a loja e cafetaria, bem como duplicar o número de espécimes em exposição, que passam agora a totalizar 500 peças num percurso de visita de 2000m2", lembrou a MMP.
O MNM nasceu dos esforços de Alfredo Keil (1850-1907) e do colecionador Michel'angelo Lambertini (1862-1920) para que fosse criado um museu anexo ao Conservatório Nacional, em Lisboa.
Lambertini conseguiu, após a morte de Alfredo Keil, "autorização do governo para iniciar a recolha de instrumentos musicais dispersos por instituições públicas como palácios, conventos e museus", tendo, para isso, sido atribuídas duas salas do Palácio das Necessidades, como lembrava uma exposição sobre o passado e o futuro do MNM que esteve patente no ano passado na Biblioteca Nacional, em Lisboa.
Lambertini foi exonerado em 1913, depois de dois anos com essa incumbência e lamentando "leviandade, a insensibilidade e a falta de atenção dos governantes portugueses no que respeita ao colecionismo de instrumentos musicais".
Um ano depois, inicia uma coleção particular, conseguindo, em 1915, a criação do Museu Instrumental do Conservatório, instituição de ensino então dirigida por Francisco Bahia. Lambertini demite-se por falta de condições e é, então, criado o Museu Instrumental de Lisboa (MIL), financiado pelo milionário António Carvalho Monteiro.
"Aconselhado por Lambertini, o 'Monteiro dos Milhões' -- como também era conhecido -- comprou a coleção do próprio musicólogo, a de Keil e ainda alguns instrumentos da coleção de António Lamas e instalou o MIL no Palácio Quintela, uma propriedade sua na Rua do Alecrim. Se o milionário proporcionou a salvaguarda dos instrumentos, Lambertini -- o cérebro da iniciativa -- mantinha em casa uma grande biblioteca da especialidade. Infelizmente, Carvalho Monteiro e Lambertini morrem inesperadamente em 1920. Não deixando planos para o futuro do museu, o MIL esteve ao abandono durante a década de 1920", podia ler-se no texto sobre a exposição.
Anos mais tarde, o Conservatório Nacional, sob direção de Vianna da Motta, adquire a coleção do MIL, assim como "o depósito de alguns instrumentos das coleções reais", abrindo o Museu Instrumental do Conservatório ao público em 1946 com duas galerias e sete salas.