Em declarações à TSF, a escritora Lídia Jorge recorda o percurso de Nelson de Matos, que morreu este domingo aos 79 anos
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Nelson de Matos “era um editor de autores, não de livros de sucesso”, lembrou a escritora Lídia Jorge, este domingo à TSF, em reação à morte do editor histórico da Dom Quixote.
“Era próximo, não era apenas um gestor. Era alguém que considerava que, escolhendo um escritor para a sua casa ele queria acompanhar, era um editor de autores, não era um editor de livros de sucesso”, começou por afirmar Lídia Jorge.
“Marca uma estratégia que, neste momento, nem é muito seguida”, acrescentou.
Nelson de Matos era “um editor à antiga” e que, na perspetiva de Lídia Jorge, cometeu dois erros: “Não ter percebido que José Saramago tinha um livro especial (...) e o valor de Gonçalo M. Tavares.”
Lídia Jorge começou a ser editada por Nelson de Matos em 1988, numa altura “em que estava muito entusiasmado”.
Nelson de Matos trabalhou mais de duas décadas na Dom Quixote e destacou-se como editor de nomes de referência da literatura portuguesa como José Cardoso Pires ou António Lobo Antunes, entre outros.
O editor morreu no Hospital dos Lusíadas, em Lisboa, o velório vai realizar-se na terça-feira e o funeral na quarta-feira.
No seu perfil na rede social Instagram, a Dom Quixote publicou uma mensagem a homenagear o editor e a expressar as suas condolências à família.
“A Dom Quixote presta homenagem a Nelson de Matos, neste dia triste para todos nós, responsável pela edição e publicação, nesta casa, de alguns dos principais escritores de língua portuguesa e a quem devemos, todos sem exceção, a criação daquela que, ainda hoje, é conhecida como a grande casa dos autores portugueses”, pode ler-se na mensagem da editora.
Manifestando as “mais sentidas condolências” à família, a marca editorial assegurou também que “tudo fará para honrar e dar continuidade ao caminho iniciado por Nelson de Matos”.