"O ator mais velho do mundo ainda no ativo." Exposição lembra vida e carreira de Ruy de Carvalho 

"Retratos Contados de Ruy de Carvalho" é o nome da exposição que celebra quase 98 anos de vida e 83 de carreira "do ator mais velho do mundo ainda no ativo". A escolha da freguesia de Benfica como o local para inaugurar a exposição não foi ao acaso: foi aqui onde o ator que protagonizou o Rei Lear viveu durante mais de 50 anos.  

Questionado pelos jornalistas, à chegada à exposição, o ator mostrou-se feliz pela homenagem e até pergunta de volta: "Não se nota?"

Sobre como é visto o teatro nos dias de hoje, arte onde se estreou como ator, Ruy de Carvalho mostrou-se esperançoso, mas aconselhou: "Sejam fortes, aguentem-se e não desistam. Lutem pela cultura, um país que é culto é um país que vale a pena no mundo e consegue tudo o que quer."

Para o futuro deixa um recado: "Servi com amor o meu povo. Servi com muito amor e à procura da maior qualidade para servir os meus portugueses. Todos os portugueses."

A inauguração contou com a presença dos filhos de Ruy de Carvalho - João e Paula - que com o ator e o curador responsável, Nelson Mateus, conversaram com um público composto por antigos vizinhos, colegas, fãs.

"Eu não quero que ninguém esteja triste quando eu partir, está bem? E tenho uma receita para isso. Não quero ninguém triste. Quando eu partir quero todos bem-dispostos e que ouçam esta frase que eu vou deixar: Eu vou ser cromado....cremado...e quando descer para a cremação, lembrem-se que tenho os tomates grelhados!", rematou o ator, no fim da conversa.

A exposição vai estar patente no Palácio Baldaya, em Benfica, até ao dia 1 de março - data do aniversário do ator -, mas irá passar depois por outros distritos do país. "Tem fotografias do Ruy desde criança até à última fotografia que tem com a mulher nos 50 anos de casados. Tem fotografias com os filhos em pequenos, vários atores que trabalharam com ele, tem uma coleção de oito fotos com o Homem Cardoso que ele gosta muito. Tem algumas que faz parte do apelo que fazemos ao envelhecimento ativo e ao combate à solidão dos mais velhos. Portanto, acaba por ser a exposição mais intimista do Ruy de Carvalho", explica Nelson Mateus.