A festejar 30 anos de carreira, Uxía, a embaixadora da música da Galiza, vem a Lisboa com a digressão "Meu Canto", título homónimo do mais recente disco. Uma digressão que também tem escala em Coimbra e no Porto.
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Para Uxía Senlle, tudo começou em 1985 quando ganhou o primeiro prémio do Festival de Bergantiños. Nascida em Sanguiñeda, radicou-se mais tarde em Santiago de Compostela, depois de ter vivido em Porriño, a 17 quilómetros de Portugal. Talvez por isso, uma ligação muito forte aos "galegos do Sul", designação carinhosamente dada aos portugueses pelo povo da Galiza, que também se afirmam como "os portugueses do Norte".
Mas, voltando à música, Uxía estreou-se discograficamente em 1986 (com "Foliada de Marzo"), antes de passar a ser a voz do grupo "Na Lua", onde se manteve quatro anos e gravou dois discos. Retomando a carreira a solo em 1991, edita "Entre Cidades", um disco de viagens. As viagens que a fascinam e a levaram mais tarde a uma miscigenação musical notável.
De regresso aos discos em 1995 com "Estou Vivindo No Ceo" (produzido por Júlio Pereira), o tal fascínio pela miscigenação acentuou-se em 1997 com "La Sal de La Vida", onde contou com as participações da sudanesa Rasha, da castelhana Maria Salgado e do guitarrista de Lugo Cuchús Pimentel.
Em 2000, uma nova incursão pelas misturas culturais, com "Danza das Areas", onde participaram Dulce Pontes, João Afonso, Xosé Manuel Budiño, María del Mar Bonet, Karen Matheson, Donald Shaw (Capercaillie), Michael McGoldrick ou Susana Seivane, estes, alguns dos 40 cantores e músicos convidados.
Mas Uxía é uma mulher não consegue estar quieta e, em 2005, lança o projeto "Cantos na Maré", um festival da lusofonia que, depois de vários anos a acontecer em Pontevedra, largou amarras rumo ao Brasil em 2009, não sem que, um ano antes, Uxía tivesse editado o quinto disco de originais a solo - "Eterno Navegar" - feito com músicos portugueses e africanos.
Com alguns discos infantis num currículo que passa também pela produção, composição e autoria de temas para outras vozes e pelo trabalho musical ligado ao audiovisual, Uxía tem em "Meu Canto" o mais recente disco, gravado no Brasil, e onde a voz e o ato de cantar (com todas as suas consequências) são o tema dominante.
Sem artifícios e sem alardes. A voz pela voz, com o objetivo único de atingir o coração de quem a ouve. E é exatamente nesta base que vão ser feitos os concertos que a levam este sábado, às 21:00, ao Teatro S. Luiz, em Lisboa, no dia 1 de outubro a Coimbra, ao Auditório do Conservatório de Música, e à Sala 2 da Casa da Música, no Porto, no dia 2 de outubro.