O "efeito Guggenheim" do vanguardita Frank Gehry "mudou o perfil de evolução de uma cidade"

Guggenheim Bilbao
Francois Laurens/Hans Lucas VIA AFP
O famoso arquiteto Frank Gehry, cujo prolífico portfólio incluía o Guggenheim Bilbao e o Walt Disney Concert Hall em Los Angeles, morreu esta sexta-feira aos 96 anos
A Ordem dos Arquitetos recorda Frank Ghery como um vanguardista exploratório com uma linguagem arquitetónica muito própria e inovadora. Estes traços ficaram particularmente visíveis em Bilbao, em Espanha.
O famoso arquiteto Frank Gehry, cujo prolífico portfólio incluía o Guggenheim Bilbao e o Walt Disney Concert Hall em Los Angeles, morreu esta sexta-feira aos 96 anos na sua casa na Califórnia, avançou o seu escritório à AFP.
"A exploração da forma é muito rica em Frank Gehry e nós conhecemos alguns dos seus principais edifícios. Evidentemente temos de destacar em Bilbao o museu Guggenheim, que transformou a cidade. Até se costuma dizer o 'efeito Guggenheim de Frank Gehry', que é como é que um museu mudou o perfil de evolução de uma cidade. Como é que uma obra de arquitetura acabou por ser a referência de uma cidade", assinala o presidente da Ordem dos Arquitetos Avelino Gomes, em declarações à TSF.
Avelino Gomes recorda que os arquitetos da sua geração foram, ao longo da carreira, "aprendendo a gostar e a compreender" a exploração das curvas e materiais - que passavam pelo metal, ferro, alumínios conjugados com azulejo - de Ghery, que mantinha uma "linguagem muito própria e exploratória".
"O Frank Gehry é muito marcado por esse desenho de rutura e exploratório", reconhece.
Lembra ainda que o arquiteto, que gostava de Portugal, realizou algumas palestras em Portugal às quais pôde assistir. Era também aqui que estava previsto assinar um projeto para o Parque Mayer, em Lisboa. Este foi, contudo, um projeto polémico no tempo em que Santana Lopes era presidente da Câmara e que acabou por não se concretizar.
"O projeto Parque Mayer, na altura, deu um pouco de polémica. É sempre uma pena que nós não tenhamos uma obra de referência do Frank Gehry, mas temos outras. O mundo é assim. De qualquer maneira, tivemos a sua presença cá. (...) Hoje é muito interessante olharmos para trás e acima de tudo recordar a importância de um arquiteto que tem uma marca mundial, ou seja, é transversal em termos de referência para todo o mundo, ultrapassa as fronteiras do seu próprio país", aponta.
O líder da Ordem dos Arquitetos acrescenta assim que Ghery teve a capacidade de influenciar "todas as escolas de arquitetura" e criar um debate em redor das suas obras.
"Criou muito debate entre aqueles que amavam muito as suas coisas e aqueles que, apesar de tudo, não se identificando totalmente com as suas linguagens, o respeitavam muito. Nesse aspeto, tinha muito critério e, portanto, tinha acabado por ser referencial", refere.