O historiador que ajudou Scorsese a perceber a história dos jesuítas portugueses
Liam Brockey foi um dos consultores de Martin Scorsese no filme "Silêncio". A TSF conversou com o historiador, especialista na presença dos missionários portugueses na Ásia.
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"Não aconteceu, mas podia ter acontecido". Liam Brockey considera que "Silêncio" é um filme rigoroso em relação ao que hoje se conhece sobre os jesuítas no século XVII no Japão. Martin Scorsese recorreu a muitos documentos da época e tentou retratar o contexto e o período histórico.
O historiador foi um dos consultores de Martin Scorsese neste filme (não foi a primeira vez que trabalhou com o realizador). Liam Brockey é professor na Universidade Estadual no Michigan, especialista na história dos missionários portugueses na Ásia. Aprendeu português para conseguir expandir a área de estudos e é membro da Academia Portuguesa de História.
Em entrevista à TSF, Brockey explica como era a vida dos jesuítas portugueses no Japão no século XVII, a importância que teve essa presença no país e explica o que é real e ficção no novo filme de Martin Scorsese.
"O Cristianismo foi um fenómeno de um canto do Japão, com a diferença de ser uma religião reconhecida a nível nacional", lembra Liam Brockey.
A religião chegou ao Japão com Francisco Xavier, em 1549. Começa a expandir-se a partir de 1570 com a conversão de alguns senhores feudais, que acabam por impor a religião aos súbditos. No país, chegam a existir cerca de 300 mil cristãos.
O Cristianismo acaba por tornar-se uma ameaça. Os cristãos começam a ser perseguidos, muitos são torturados e em 1614 acabam por ser expulsos do país.
"Silêncio" conta a história desta perseguição e tortura do ponto de vista dos jesuítas portugueses.
O filme estreia esta quinta-feira em Portugal.
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