Há 500 anos, o mestre do Renascimento escalou o Monte Altissimo, na Toscânia, Itália, e encontrou mármore "de grão compacto, homogéneo, cristalino, que lembra açúcar".
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Michelangelo ficaria tão fascinado com a descoberta, em 1517, que chegou a considerar o mármore mais precioso do que o da região vizinha Carrara - ainda hoje conhecida como a "cidade do mármore", de onde retirou matéria-prima para algumas das suas estátuas, como David.
Decidido a utilizar aquela pedra branca, e com a bênção do Papa Leão X, o mestre renascentista projetou um caminho para transportar os blocos de mármore pelos Alpes Apuanos até Florença, onde seria usado para decorar a fachada da igreja de San Lorenzo.
Em troca da exploração da pedreira, as autoridades concederam a Michelangelo o direito de extrair todo o mármore que precisasse, ao que o escultor respondeu: "Há o suficiente aqui para extrair até o Dia do Juízo Final".
No entanto, os planos não saíram do papel e da troca de palavras.
Depois de vários anos de trabalho para construir uma estrada, o Papa Leão X - que era da família Medici de Florença, que tinha uma relação complicada com Michelangelo - retirou a autorização ao mestre do Renascimento e o projeto foi abandonado. Aliás, até hoje a igreja de San Lorenzo não tem uma fachada.
Atualmente, as pedreiras de Altissimo, localizadas a mais de 1500 metros de altitude, são exploradas com técnicas modernas de corte e extração, que contrastam com os primeiros tempos de exploração, quando se recorria ao trabalho humano, com alavancas, cinzéis e martelos, e a animais de carga.
Ao longo dos anos, escultores e artistas como Auguste Rodin, Henry Moore, Joan Miró e Isamu Noguchi usaram mármore de Altissimo para criar as suas esculturas.
Michelangelo ficaria orgulhoso.