O Espaço Miguel Torga recebe a exposição do fotógrafo Duarte Belo, que capturou a intimidade do escritor, no dia em que se assinalam 23 anos da sua morte.
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Inaugurado no início de 2015, o Espaço Miguel Torga em São Martinho de Anta, terra do autor transmontano, é cada vez mais um espaço cultural de referência em toda a região de Trás-os-Montes.
Para lá da obra de Torga que ali se pode encontrar, o espaço tem sido palco de inúmeras atividades culturais. Ao mesmo tempo, assume-se também como umas porta de entrada para a região vinhateira do Douro, Património da Humanidade.
O edifício térreo com paredes de xisto marca a entrada da aldeia do escritor e poeta. São Marinho de Anta, no concelho de Sabrosa, viu nascer o autor dos Bichos ou dos Novos Contos da Montanha e viu-o também regressar ali, à sua última morada, há precisamente 23 anos.
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O espaço abre-se com uma imagem grande de Torga que rivaliza com uma outra, enorme, de duas fragas numa paisagem transmontana. A vida do médico autor desfila por vários pedaços do tempo inscritas nas lembranças do escritor e do homem apegado à terra rude e bela. Uma figura que une os transmontanos e que a "pouco e pouco" está a ser descoberto, diz João Luís Sequeira, diretor do Espaço Torga.
"Miguel Torga é um nome, uma figura, uma obra que nos une a todos. O homem do reino Maravilhoso, dos socalcos do Douro, das fragas do Marão. A região revê-se nele. Por outro lado, este é um edifício arquitetonicamente muito interessante, tem a assinatura do arquiteto Souto Moura, é muito apelativo. Daí que, paulatinamente, o espaço esteja a ser descoberto".
Desde 2015 que o espaço está aberto de terça a domingo. Acolhe uma média de sete a oito mil visitantes por ano que ali vão descobrir o escritor e a abra de dimensão universal. "Ele não falava só dos transmontanos. Ele, a propósito dos transmontanos, falava do ser humano, da sua natureza e de Portugal também. Há muita gente que vêm de vários locais de Portugal, de Espanha ou França que apreciam, que leram e que conhecem a obra de Miguel Torga", salienta.
João Luís Sequeira acrescenta que o espaço tem vindo a acolher diversos espetáculos para públicos mais novos, muito novos mesmo, e que para lá de dar a conhecer o autor aos pequerruchos, os diversos eventos trazem também os pais ao espaço. " Os pais vêm com eles e nós, ao mesmo tempo que damos a conhecer um pouco do autor aos mais pequenos, aproveitamos e mostramos também a obra aos pais. Dizemos-lhe que é um autor daqui e que fala de sítios que eles conhecem bem".
Ali, em São Martinho de Anta, onde ainda há algumas pessoas que privaram com Torga. O diretor do espaço salienta que alguns recordam-no das consultas que lhe pediam, do ar austero e frontal, mas, ao mesmo tempo, bom e sensível. Recordam também os lugares que o poeta imortalizou e uma grande a paixão pela caça.
Duarte Bello, o fotógrafo que capturou a intimidade de Torga
Grande e abrangente é a exposição do fotógrafo Duarte Bello, que é inaugurada no dia em que se assinalam 23 anos da morte de Miguel Torga. Sem querer falar dela ao pormenor, João Luís Sequeira destaca um aspeto muito pessoal de Torga que nunca tinha sido tão exposto. "A casa onde Torga nasceu, muitos aspetos e artigos pessoais do autor que não são conhecidos. É a primeira vez que se revela tanto da sua casa".
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O diretor do equipamento diz que o futuro se apresenta com vários desafios e que para isso é necessário o comprometimento de mais atores sociais da região.
Para lá da inauguração da exposição "Magna Terra - Miguel Torga e outros lugares", de Duarte Bello, a sessão evocativa do 23º aniversário da morte de Torga vai ter uma visita ao cemitério de São Martinho de Anta, onde o autor está sepultado, e um recital de poesia.