O Óscar para Melhor Documentário foi para "Free Solo". O filme tem a particularidade de contar na ficha técnica com dois portugueses: Joana Niza Braga e Nuno Bento, da equipa de som.
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Joana Niza Braga e Nuno Bento são, respetivamente, "foley mixer" e "foley artist" do documentário da National Geographic, no qual os realizadores Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi acompanham o alpinista norte-americano Alex Honnold na escalada, sem cordas ou proteções, da parede de granito El Capitan, com 900 metros de altura, situada no Parque de Yosemite, nos Estados Unidos. Fee Solo estreia a 17 de março.
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Joana Niza Braga, em declarações à agência Lusa, já tinha explicado que todo o trabalho foi "feito remotamente" a partir de Lisboa, na pós-produtora de cinema Loudness Films, revelando a especificidade do trabalho de ambos. "Muitas vezes aquilo que estamos a ver nos filmes, em termos de som, não está lá, não existe ou está muito mal gravado, especialmente no "Free Solo", em que temos o Alex a escalar uma montanha gigante", referiu, considerando que "deve ter sido muito difícil conseguir captar algum som decente" na rodagem do documentário.
Com o "foley", é possível "criar a ilusão de que existe essa proximidade com as personagens que estão no ecrã". "Por exemplo, temos o Alex a escalar e nós conseguimos ouvir a parede e todo o material dele, quando na verdade é tudo falso. É tudo criado por nós: pelo "foley artist" e pelo "foley mixer", que juntos trabalhamos para conseguir tornar esse som verdadeiro para aquilo que estamos a ver".
Nuno Bento já tinha sido distinguido nos prémios norte-americanos Golden Reel, pelo trabaho de edição de som neste documentário. A montagem de som de Joana Niza Braga foi igualmente aclamada nos prémios da Cinema Audio Society Awards do passado fim de semana.
Portugueses nos Óscares
Também no ano passado, dois canadianos luso-descendentes foram nomeados, ambos pelo filme "A Forma da Água". Luís Sequeira foi nomeado para Melhor Guarda-Roupa (perdeu para "Linha Fantasma"), e Nelson Ferreira foi nomeado para Melhor Montagem de Som (perdeu para "Dunkirk").
Antes, Carlos de Mattos foi distinguido duas vezes pela Academia com certificados especiais, ou seja, prémios técnicos. Em 1983, venceu um "Technical Achievement Award" pela criação da "Tulip Crane", uma grua utilizada em filmes como "E.T. O Extraterrestre". Em 1986, recebeu um "Scientific and Engineering Award", pela criação de uma câmara de controle remoto utilizada em filmes como "África Minha".
O diretor de Fotografia Eduardo Serra foi nomeado duas vezes para o Óscar, pelos filmes "As Asas do Amor" e "Rapariga com Brinco de Pérola".
Em 2015, Daniel Sousa, um português de origem cabo-verdiana que viveu em Portugal até aos 16 anos, foi nomeado por "Feral" na categoria de Melhor Curta-Metragem de Animação.