Um rio morto com água escondida pelo lixo. Eis a realidade pela lente de um português
O fotojornalista Mário Cruz, premiado pelo World Press Photo, inaugura no sábado a exposição "Living Among What"s Left Behind". São imagens do rio Pasig, que está coberto de lixo.
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As imagens mostram uma realidade que é difícil de aceitar. Mas é assim que vivem milhares de filipinos, nas margens do rio Pasig, que ao contrário dos outros, em vez de peixes ou vegetação, está repleto de lixo.
Foi esta a realidade que levou o Mário Cruz a viajar até Manila, mas o que encontrou no terreno foi muito pior do que aquilo que tinha visto noutras imagens. Agora, transportou essa realidade para uma exposição fotográfica em Algés.
"Infelizmente, já é uma interação muito natural. São muitas as gerações a viver junto a um rio onde muitas não é possível ver águas mas sim apenas lixo, sobretudo plástico. E isso acontece principalmente nos estuários, que foram criados para impedir as cheias mas foram os estuários que acolheram mais população", explica o fotojornalista, em entrevista no Almoço TSF.
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Uma das fotografias captadas numa margem do rio Pasig, que mostra um rapaz a flutuar num colchão no meio do lixo, foi premiada pelo World Press Photo.
Nesta conversa com Nuno Domingues, Mário Cruz sublinha que muitas pessoas reutilizam os materiais que encontram no rio para vender. O fotojornalista alerta ainda para o crescimento das doenças respiratórias entre os mais jovens, que sempre viveram naquele cenário.
"É especialmente dramático ver jovens com 16, 18, 20 anos já com problemas de saúde gravíssimos porque muitos deles começam a apanhar lixo desde os três anos de idade", conta, acrescentando que é um problema que tem sido silenciado.
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A intensa poluição no rio Pasig fez com que fosse declarado morto na década de 1990 devido, sobretudo, às descargas industriais.
As fotografias de Mário Cruz vão ser expostas a partir de sábado no Palácio dos Anjos, em Algés.