O programa educativo da Orquestra Jazz de Matosinhos tem, este ano, um programa mais ambicioso, com muitas novidades para os mais novos. Desde que se instalou na nova morada, o quarteirão da Real Vinícola, o projeto está cada vez mais abrangente - no conteúdo e no público-alvo.
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Os instrumentos estão à vista, as cadeiras alinhadas para os músicos, os colchões no chão para as crianças. Quando chegam está tudo pronto. De quinze em quinze dias, pais, filhos, netos, avós, primos, tios juntam-se na sala de ensaios da Orquestra Jazz de Matosinhos (OJM).
"De repente, isto é um jantar de família gigante. É quase um jantar de Natal, em que estamos todos reunidos e onde se vai fazer uma atividade de criação musical. Temos jazz como pano de fundo e depois pedimos aos pais e filhos que criem letras, melodias, em que se preparem para dar algo, de cada um deles, para a criação global", afirma o criador musical Jorge Queijo.
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A Orquestra de Famílias é um dos projetos do serviço educativo da OJM. Os participantes são convidados a tocar e a cantar e, não raras vezes, o entusiasmo dos adultos é quase infantil.
"Há pais que começaram a voltar a tocar instrumentos que tinham em casa guardados, cheios de pó. Há um pai que começou a tocar bateria. Era um sonho dele e agora chega aqui agarra-se à bateria e é preciso tirá-lo à força para ir para casa", conta Jorge Queijo.
A Orquestra Jazz de Matosinhos não se limita a receber. Os músicos e formadores levam muitas atividades às escolas, do pré-escolar ao secundário, em busca criatividade e talento. O nome diz tudo, "Grande Pesca Sonora". "Nós vamos a várias escolas, do pré-escolar ao ensino secundário, e durante vários meses fazemos um trabalho em cada uma dessas escolas."
Jorge Queijo diz que a ideia não é ensinar música, mas sim envolver os alunos num processo criativo de melodias e ritmos que vão resultar num espetáculo, a apresentar em maio, em que partilham o palco com os profissionais da Orquestra Jazz de Matosinhos, com o tema "Memória de Peixe".
Nas escolas, os adolescentes são os mais difíceis de conquistar, mas com a abordagem certa, Jorge Queijo diz que são os que se rendem mais depressa à música jazz. "Usamos outras técnicas, que não apenas dizer-lhes que vamos ouvir jazz. Não. Vamos experimentar o jazz. Vamos experimentar a música, e depois conseguimos fazer esse processo criativo ao longo do ano e, de repente, eles estão a tocar jazz sem se aperceberem".
Noutro canto da casa da Orquestra Jazz, encontramos mais uma novidade do serviço educativo. Um conjunto de mesas forma um círculo, onde estão pousados seis computadores. É aqui que também alguns alunos de escolas de Matosinhos dão asas à imaginação para comporem sem limites à imaginação, como explica Jorqe Queijo. "Chama-se LEM, ou seja, Laboratório de Exploração Musical. É um espaço em que, com a colaboração do INESC/Porto, criamos música, aprendemos código e programação."
Ainda em ambiente escolar decorrerão, a OJM vai a dez estabelecimentos de ensino pré-escolar, onde os mais pequenos vão ter um primeiro contacto com o swing e com a fantasia do jazz. Noutras quatro escolas do concelho de Matosinhos, os alunos vão participar na iniciativa CIMA, Crianças Improvisadoras de Matosinhos, que iniciarão os mais novos nos princípios básicos da improvisação que caracterizam este género musical.