O filme do português Jorge Jácome concorre, com outros 23, ao prémio do Festival de Cinema de Berlim na secção de curtas-metragens.
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Há tristeza, há melancolia, há um tempo difícil de distinguir e a sensação de que o passado já foi mais perfeito que o presente.
"Past Perfect" parte do texto de uma peça de teatro de Pedro Penim, chamada "Antes", e constrói-se depois "sem qualquer ligação ou elemento teatral".
Jorge Jácome diz mesmo que o filme "ignora a condição de representação e cénica. São só imagens, como se fossem documentais, especulativas de um tempo que não sabemos onde pertence."
O realizador de "Plutão" (2013), "A guest + a host = a Ghost" (2015), "Fieste Forever" (2017) e Flores (2017) estreou "Past Perfect" na Berlinale e foi escolhido para a competição.
"Apanhou-me de surpresa porque é um projeto de "pequena escala" porque não foi necessário financiamento, a equipa é muito pequena, fui quase só eu a filmar e depois fui tendo ajuda de outras pessoas que foram entrando no filme. Pensa-se que um filme pequeno não pode estar num festival à escala do de Berlim, mas se nos lembrarmos dos últimos sete anos, e nos filmes que ganharam o urso de ouro, também têm essa dinâmica", sublinhou Jorge Jácome em declarações à TSF.
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O realizador, natural de Viana do Castelo, conta que "Past Perfect" é "uma investigação, uma espécie de arqueologia do passado, que vamos descobrindo enquanto desenterramos uma série de objetos. O texto vai recuando até tentar descobrir uma altura em que as coisas eram melhores. Porque o filme começa com a premissa de que há uma certa dor."
A melancolia está sempre presente como "uma forma de expressão, um sentimento interior que o filme tenta desvendar e encontrar no passado."