Chama-se “Depois do Adeus? Contar Cantigas”, onde Paulo de Carvalho partilha histórias sobre a origem e significado das suas canções. Espetáculo intimista chega este sábado a Mirandela
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Prestes a completar 78 anos de vida, 60 dos quais dedicados à música, Paulo de Carvalho iniciou, este ano, um novo projeto, que pretende levar a salas culturais de várias regiões do país.
Este sábado à noite, o auditório do Centro Cultural de Mirandela, no distrito de Bragança, com capacidade para cerca de 400 pessoas, recebe o espetáculo intimista com a sua voz, acompanhado pelo pianista Victor Zamora. “É um pianista cubano que vive em Portugal há muitos anos já, um grande músico, e as músicas vão ser, de modo geral, aquelas que o público vai querer ouvir, mas, ao mesmo tempo, vai saber histórias de uma ou de outra música”, diz.
A ideia é também ter maior interativididade com o público. “Quando inventei este espetáculo, foi um bocado isso, interagir com o público, que, se não ficar cheio de vergonha, me faça uma ou outra pergunta, que eu explique como é que as cantigas nasceram”, conta.
Paulo de Carvalho levanta um pouco a ponta do véu sobre algumas das histórias que estão por trás das canções. Por exemplo, garante que poucos sabem a história que envolveu a famosa canção “E Depois do Adeus” que venceu o Festival RTP da Canção de 1974 e foi uma das senhas para a Revolução dos Cravos. “Os quatro primeiros versos são o princípio de cartas que o José Niza, que foi quem fez a letra da música, escrevia à mulher quando estava em Angola, na guerra. Isto é uma das histórias, mas depois há outras”, acrescenta.
“Nini dos meus quinze anos”, “Flor sem Tempo" e “E Depois do adeus” são alguns dos grandes êxitos de Paulo de Carvalho que serão ouvidos no espetáculo deste sábado, mas não só. “A maioria serão temas muito conhecidos, mas haverá uma ou outra coisa nova, porque vamos lá ver uma coisa, não sou assim tão velho, só tenho 78 anos”, ironiza Paulo de Carvalho.
Ao longo dos seus 60 anos de carreira, Paulo de Carvalho marcou momentos cruciais da música portuguesa, mas garante que nos seus espetáculos “também há muita gente nova a assistir”, porque “já são os mais novos que vão com os mais velhos, há sempre um neto ou há filhos mais novos que vêm para ouvir, porque ouviram em casa, tudo isto começa em casa”, sublinha.
Paulo de Carvalho diz que é um homem feliz por poder ainda fazer aquilo que mais gosta. “Tenho essa sorte”, diz. “Já passei por outro tipo de trabalho, antes de conseguir concretizar aquilo que gostava e que já aconteceu, mas continuo a dizer que tenho a sorte de trabalhar no que gosto e isso é uma coisa que nem toda a gente pode dizer”, afirma.
O cantor natural de Lisboa sublinha a importância de realizar este tipo de espetáculos também no interior do país, neste caso, em Trás-os-Montes, onde diz ter ainda uma costela. “A minha avó era de Vinhais e sempre que contactamos com pessoas que vivem muito longe e que só nos veem através das televisões, quando existe esta possibilidade, de nós estarmos perto a cantar, elas acabam por vir”, conclui Paulo de Carvalho, que promete cantar e contar cantigas este sábado à noite no auditório do Centro Cultural de Mirandela.
