O novo espaço museológico, com obras da colecção de Julião Sarmento, é inaugurado esta quarta-feira. A festa, com entrada gratuita, estende-se até domingo
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Virado para o Tejo, todo o edifício é “branco, compacto, singelo”, descreve à TSF Isabel Carlos, a curadora da exposição Take 1, que marca a abertura do Pavilhão Julião Sarmento, na zona de Belém, em Lisboa. As janelas, também brancas, não deixam adivinhar o interior daquele que foi um antigo armazém de alimentos. O espaço estava em ruínas, lembra Isabel Carlos, quando Julião Sarmento decidiu criar, ali, o centro de arte para albergar a sua colecção que reúne cerca de 1500 obras.
As obras custaram seis milhões e meio de euros, mas o espaço projectado pelo arquitecto João Carrilho da Graça é uma “surpresa”, com galerias “generosas”, que pretende ser um “lugar de vários encontros, de olhos nos olhos”, refere igualmente.
A curadora escolheu cerca de uma centena de obras para a exposição inaugural, para “celebrar o Julião Sarmento colecionador”. Além de uma “figura ímpar” como artista, pelo seu percurso e obra, Sarmento era também “muito atento aos outros e aos jovens”, recorda Isabel Carlos. Por isso, a mostra inaugural contém a representação do artista feita por outros e também “o espírito de festa e celebração da vida” que pautavam a atitude de Julião Sarmento.
Ao lado de outros artistas, esta era “uma geração que acreditava que a arte é vida e a vida é arte”. O pavilhão procura, assim, um “cruzamento de linguagens”, com outras formas de expressão, como o cinema, a literatura, a performance, a música ou a moda. E a arte não se limita às galerias. Isabel Carlos quis que ela estivesse “em todo o lado” e por isso, pode ser encontrada na casa-de-banho, num canto da parede ou no cimo de umas escadas. Isabel convida os visitantes a estarem atentos, “a olhar para todo o lado”, porque se pretende que o pavilhão seja “acolhedor como uma casa”, muitas vezes até um pouco desarrumada.
Para a cerimónia de inauguração, está prometido um concerto de theremin, por Dorit Chrysler.
A performer toca o instrumento musical, que se toca sem tocar. Haverá ainda um “arraial contemporâneo”, com “sardinha, polvo”, onde todos serão bem-vindos. Isabel Carlos garante que esta seria a festa que Julião Sarmento apreciaria, ele que gostava de “estar com pessoas, partilhar, celebrar, comer, beber, falar, discutir, sorrir”.
O encontro está marcado para o pavilhão que é, a partir de agora, a nova casa do artista português. Até domingo, as entradas serão gratuitas.