Petição que pede classificação de obra de José Mário Branco entregue esta terça-feira no Parlamento
O músico e produtor musical Vítor Sarmento aponta, na TSF, que o património de José Mário Branco deve ser "salvaguardado", até porque há artistas "que são incontornáveis quando se fala da música portuguesa, por muito que não se goste deles"
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Um grupo de cidadãos entrega terça-feira na Assembleia da República, em Lisboa, uma petição, com quase 5200 assinaturas, que solicita a classificação da obra de José Mário Branco como de interesse nacional.
Um dos promotores da petição, o músico e produtor musical Vítor Sarmento, argumenta na TSF que o património deste músico deve ser "salvaguardado", apesar de reconhecer que "o Estado não tem de ser paternalista".
"[O Estado] deve salvaguardar o património que estes músicos nos deixaram, incentivando-os, ajudando à sua divulgação e sensibilizando. Estamos a falar destes músicos, mas há vários que são uma referência da música portuguesa", destaca.
Vítor Sarmento aponta, por isso, que existem "músicos que são incontornáveis quando se fala da música portuguesa, por muito que não se goste deles", defendendo que "não é possível secundarizar" estes artistas.
Já em declarações à Lusa, sublinhou o "duplo simbolismo" do dia escolhido, por coincidir com o quinto aniversário da morte do cantautor e por decorrer no ano em que se comemoram os 50 anos do 25 de Abril.
A petição será entregue na terça-feira, pelas 11H30, à vice-presidente do parlamento Teresa Morais, depois de os subscritores terem obtido permissão do presidente da Assembleia da República para o fazerem, referiu, acrescentando que será também enviada uma cópia do documento ao Ministério da Cultura, para conhecimento da ministra da tutela.
O grupo que entregará o documento é composto por Vítor Sarmento e mais três subscritores: o fadista Marco Oliveira, a produtora e programadora cultural Lurdes Nobre e o investigador João Carlos Callixto.
A petição pública foi lançada em novembro de 2023, numa ideia que partiu de 39 pessoas ligadas à música portuguesa.
Entre os primeiros peticionários estão os músicos Francisco Fanhais, Gaspar Varela, João Afonso, José Barros, Manuel Freire e Marco Oliveira, o editor Arnaldo Trindade, a cantora Ana Ribeiro, o investigador João Carlos Calixto ou o editor Alain Vachier, que trabalhou com José Mário Branco.
Em declarações à Lusa aquando do lançamento da petição, Vítor Sarmento lembrou que "existe felizmente na universidade um trabalho profundo de compilação e de divulgação da obra do Zé Mário". No entanto, os peticionários querem que seja também o Estado a dar um caráter nacional, classificando a obra daquele músico.
"A sua obra é, sem qualquer dúvida, um património cultural português. A classificação desta será um passo importante para o seu conhecimento e preservação, assim como um impulso decisivo para a divulgação futura", lê-se na petição.
José Mário Branco, considerado por especialistas um dos mais importantes nomes da música portuguesa do século XX, em particular desde a década de 1970, morreu aos 77 anos, em 19 de novembro de 2019.
Em 2021, a família do músico assinou um protocolo de cedência de todo o espólio à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, para organização e catalogação de centenas de documentos, gravações, fotografias, discos e outros objetos.
Este protocolo tinha como finalidade dar seguimento ao trabalho que José Mário Branco tinha encetado anos antes com o Instituto de Etnomusicologia - Centro de Estudos em Música e Dança (INET-md) e o Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (CESEM), daquela universidade, de identificação e catalogação da obra escrita e musical.
