Pilar del Río recorda dia em que Gabriel García Márquez lhe leu um excerto do seu novo e último livro
A viúva de José Saramago, recorda à TSF o dia em que o escritor colombiano mostrou ao português excerto de uma destas versões.
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No dia em que Gabriel García Márquez faria 97 anos chega às livrarias o seu último livro. Chama-se "Vemo-nos em Agosto" e vai ser lançado em simultâneo em 25 países, incluindo Portugal. A obra teve cinco versões, mas nenhuma deixou García Márquez satisfeito. Ainda assim, os filhos entenderam que a obra merecia chegar ao público.
Na TSF, Pilar del Río recorda o dia em que o escritor colombiano deu a José Saramago um excerto de uma destas versões. Pilar também lá estava. Agora lembra esse momento e conta que García Márquez não gostava de falar em público, por isso decidiu ler um pedaço da história.
"Era uma mesa redonda onde estavam os dois e creio que havia um terceiro escritor. O García Márquez era uma pessoa que não gostava muito de falar em público, então resolveu, para não ter de falar, e sobretudo porque estava com dois companheiros que tinham muita prática de falar em público, que não tinham problemas e que improvisavam sempre, surpreender e ler um capítulo inédito. Não deu muitos detalhes sobre o que era, nada. Todos entendemos que era uma fórmula de resolver uma situação sem ter de se pronunciar sobre assuntos políticos ou culturais ou sem ter que fazer um discurso e foi maravilhoso", lembrou Pilar del Río.
Para Pilar del Río este "Vemo-nos em Agosto" não é o capítulo final na obra de García Márquez. É antes mais um capítulo que ajuda a perceber a obra do escritor.
"É um livro que ajuda a compreender, não é o capítulo final porque foi escrito há muito tempo e eu, do que me lembro, independentemente da emoção de ouvi-lo com o seu sotaque caribenho colombiano, lembro-me dos 12 contos peregrinos publicados em 92. Por isso entendi-o como uma espécie de relato, de conto, de novela e foi maravilhoso. Simplesmente é mais um capítulo, não é um ponto final. Gabriel García Márquez é ‘Cem Anos de Solidão’ e essa será sempre a sua obra. Depois da sua obra está este livro", acrescentou a presidente da Fundação José Saramago e viúva do escritor português.
