Entre 450 e 600 mil euros em reparações e restauros. É o valor avançado pela Direção Regional de Cultura do Centro para fazer face aos prejuízos que o Mosteiro de Santa Clara a Velha sofreu com as cheias de 11 de janeiro, em Coimbra.
Corpo do artigo
A Direção Geral de Cultura do Centro diz que continua a insistir no contacto com a EDP que, até ao momento, não respondeu ao pedido para se sentar à mesma mesa com a DRCC e a Câmara de Coimbra.
Dias de chuva intensa, como o de hoje, mostram como o Mosteiro de Santa Clara a Velha nunca tinha inundado em nove anos de abertura. Celeste Amaro, da Direção Regional de Cultura do Centro, reafirma que a Barragem da Aguieira "meteu água".
"Se não tivesse havido descargas abruptas por parte da barragem, isto não teria acontecido. Estamos num dia de chuva intensa e com os sistemas de bombagem, constituídos por quatro bombas, a trabalhar ininterruptamente, nada acontece. Temos de ter sempre aqui bombas a trabalhar, porque o Mosteiro está abaixo do nível do rio, e é perfeitamente possível manter o Mosteiro a seco", refere.
A água chegou a uma altura de cinco metros na zona do coro do Mosteiro de Santa Clara a Velha e, porque as obras de restauro são imprevisíveis, o valor pode variar entre os 450 mil e os 600 mil euros.
Celeste Amaro descreve alguns dos prejuízos: "por baixo da porta por onde entrou a água, caiu uma cascata numa zona chamada de cozinha, e essa zona está completamente escavada e tem de ser toda renovada, além de todo o piso cerâmico que nem sequer pode ser pisado, porque parte todo", revela.
A porta elétrica, a sul do mosteiro, rebentou com a força das águas e Celeste Amaro não consegue explicar de onde surgiu a água, dizendo apenas que se sabe que começou a aparecer das zonas pluviais.
O dinheiro para o restauro poderá entrar pela porta dos fundos comunitários, uma vez que existem programas específicos para o efeito, embora retirem dinheiro que estava afeto a outro património.
Mas Celeste Amaro desvia o assunto para a EDP. "Acho que a própria EDP, que tem uma Fundação, que funciona muito em termos culturais, não estará interessada em ter aqui um Mosteiro com um dano, que pode ter sido provocado indiretamente por si".
A diretora regional de Cultura do centro espera que o mosteiro, depois das devidas limpezas, esteja aberto ao público dentro de um mês e meio, uma vez que será preciso limpar a lama, que ainda é bem visível no pavimento e paredes. Visível ainda é também a marca da água nas paredes do edifício, a uma altura de cerca de cinco metros.
O Mosteiro de Santa Clara a Velha está abaixo do nível das águas do rio Mondego. Está aberto há nove anos e sofreu a primeira inundação no passado dia 11 de janeiro.
A DRCC garante que as 4 bombas que extraem a águas da chuva do mosteiro funcionaram na perfeição e a comporta situada no caminho medieval esteve sempre fechada, tendo sido aberta parcialmente já depois de o mosteiro estar inundado para evitar que a pressão derrubasse os muros do mosteiro.
Segundo Celeste Amaro, da DRCC, a Barragem da Aguieira, apesar dos últimos dias de chuva, estará com 70% da capacidade, enquanto há um mês, no dia das inundações, estava a 98%.