A sede da EDP e o edifício da Ordem dos Engenheiros têm a assinatura deste arquiteto de 53 anos premiado construir "formas e volumes com caráter inovador". Aires Mateus divide o mérito pela equipa.
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Ao anunciar o prémio, o diretor do júri Prémio Pessoa, Francisco Pinto Balsemão, elogiou a " vasta obra pública" do arquiteto Manuel Aires Mateus, que "contraria o sentido clássico de projetar" e sem provocar roturas, "não cede a mimetismos fáceis".
O prémio visou destacar "a arquitetura moderna, abstrata e contemporânea", numa "continuidade entre o passado e a atualidade".
Entrevistado pela agência Lusa, Francisco Aires Mateus mostrou-se "muito contente" com a atribuição do galardão, sublinhando, no entanto, mais importante, ter sido distinguida a arquitetura portuguesa.
"Não o posso tomar como um prémio só para mim. É para o meu irmão [Francisco Aires Mateus] e para todo o escritório e toda a gente que trabalha connosco. Isso deixa-me muito contente", disse o arquiteto.
"Este prémio tem a ver com um passado da arquitetura portuguesa que é muito importante, sobretudo pelas pessoas que foram fundamentais, como o Carrilho da Graça, o Siza Vieira, o Gonçalo Byrne e o Souto de Moura", sublinhou o arquiteto.
Questionado sobre a situação atual do exercício da profissão no país, muito afetada por vários anos de crise económica, Manuel Aires Mateus disse que, "felizmente, muitos arquitetos têm já trabalho, mas não é que a situação se tenha recomposto completamente".
"A crise foi muito dura para a classe dos arquitetos, e estas coisas não se recompõem com uma grande velocidade. Abriu muitas feridas, até na produção. Houve empresas que saíram, perdeu-se muita gente qualificada, perderam-se saberes, não só na construção, mas também na arquitetura. Isto leva tempo a recompor-se",afirmou o premiado.
A obra de Aires Mateus, inclui o novo polo cultural em Lausanne, na Suiça, que deverá arrancar no próximo ano e será construído no local onde existia uma gare ferroviária; e o "edifício flutuante" inaugurado este ano, em Tours.
Em Lisboa, o arquiteto que trabalha em conjunto com o irmão Francisco Aires Mateus, assinou a renovação da sede da Ordem dos Engenheiros e a nova sede da EDP, ambas em Lisboa.
Esta é a terceira vez que é distinguido um vulto da arquitetura portuguesa, depois de já terem recebido o prémio Souto Moura e Carrilho da Graça.
O Prémio Pessoa, no valor de 60 mil euros, é uma iniciativa anual do jornal Expresso com o patrocínio da Caixa Geral de Depósitos e visa reconhecer a atividade de personalidades relevantes nas áreas da cultura, artes e ciências.
O júri integrou este ano Francisco Pinto Balsemão (presidente), Emídio Rui Vilar (vice-presidente), Ana Pinho, António Barreto, Clara Ferreira Alves, Diogo Lucena, Eduardo Souto de Moura, José Luís Porfírio, Maria Manuel Mota, Maria de Sousa, Pedro Norton, Rui Magalhães Baião, Rui Vieira Nery e Viriato Soromenho-Marques.