Projeto "Páginas em Movimento" distribui livros pelos transportes públicos para incentivar jovens a largarem o telemóvel

Encontrar livros no metro, comboio ou autocarro vai tornar-se cada vez mais comum, graças ao projeto "Páginas em Movimento". A iniciativa é do escritor angolano Neo Yasuke que quer tornar as viagens para o trabalho mais interessantes. "Eu vejo a geração Z, e não só, nos transportes públicos sempre a olhar para os telemóveis, nunca têm um livro na mão. A partir daí surgiu a ideia de que, talvez, muitos não leem porque não têm livros", conta Neo Yasuke à TSF. Foi o ponto de partida para o desafio de deixar livros nos transportes públicos, em Lisboa, para que qualquer pessoa pudesse folhear e até levar para casa para ler. O escritor detalha que começou por utilizar alguns dos próprios livros e comprar outros para distribuir. "São livros para todas as idades e de todos os géneros, seja romance, infantis, didáticos e até de culinária", revela.

O objetivo é fomentar a leitura nos transportes públicos, até porque a maioria das pessoas vive distante, na margem sul e noutros locais, e acaba por perder uma hora e meia em transportes públicos ou até à espera do transporte e, portanto, nada melhor do que poder viajar sem visto, à boleia de um romance ou de um outro livro qualquer

Os livros já foram deixados em locais como a linha azul do metro, na Gare do Oriente ou na estação de Sete Rios. As obras são sempre acompanhadas por um QR Code na capa e contracapa onde são explicados todos os passos do projeto. "A ideia é a pessoa que encontrar um livro faça uma foto de onde o encontrou, faça o scan do QR Code e possa partilhar a foto connosco para vermos que o livro foi encontrado, que essa pessoa possa ler uma ou duas páginas ou, se preferir, levá-lo para casa e quando acabar devolvê-lo a um outro transporte público", explica Neo Yasuke.

O escritor recebeu recentemente o feedback de uma mãe que encontrou o livro infantil O Rei Vai Nu, que fez as delícias da filha. "A menina, por mais que ainda não soubesse ler, achou graça às figuras que estava a ver, então a mãe viu-se 'obrigada' a ler-lhe a história e levar o livro para casa", conta.

Quanto ao futuro, a meta é o projeto chegar a mais cidades, além de Lisboa. Para tal, o escritor apela à população que doe livros. Basta entrar em contacto com a página de Instagram da iniciativa "Página em Movimento".