Público espanhol tem “presença forte” na Bienal de Arte de Vila Nova de Cerveira
Certame que decorre desde julho até 30 de dezembro, já acolheu 6500 visitantes, grande parte estrangeiros, e a expectativa é chegar aos 10 mil. Proximidade com a Galiza impulsiona visitas
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Quase metade dos visitantes da Bienal Internacional de Arte de Vila Nova de Cerveira, que está a decorrer desde julho até 30 de dezembro, são espanhóis.
Segundo a organização, até agora o certame já foi visitado por perto de 6500 pessoas e a expectativa é chegar às 10 mil até ao final do ano. O público estrangeiro tem grande expressão, sendo que esta edição terá sido visitada por “mais ingleses e menos franceses”. Pela proximidade, Espanha, principalmente a vizinha Galiza, é o principal país emissor de visitantes.
“Temos sentido um acréscimo muito grande de visitantes. Neste momento, já contabilizamos cerca de 6500, na sua grande maioria estrangeiros. Cerca de 50 por cento. Muitos oriundos de Espanha. Desde grupo de visitantes espanhóis, temos uma presença muito forte de galegos”, afirma Mafalda Santos, da direção artística da Bienal Internacional de Arte de Vila Nova de Cerveira, considerando que “existe uma relação muito dinâmica neste território transfronteiriço com a Galiza e, por isso, há uma presença muito forte em todas as bienais”.
Adriana Cunha, que vive em A Guarda, é o espelha do dinamismo das relações transfronteiriças entre o Norte de Portugal e a Galiza.
“Venho muito a Cerveira. Acho que passo mais tempo quase em Portugal, que na Galiza”, comenta, referindo que já visita a bienal há muito tempo. Este ano, foi acompanhada por duas amigas, Marta Verde e Marina Rodriguez.
“É uma mostra de arte contemporânea que dá oportunidade a novas gerações de artistas. É sempre bonito ver arte. Gosto muito e como estamos aqui ao lado e vimos muito a Cerveira, viemos hoje”, disse Adriana, que durante a visita debateu em grupo o tema da liberdade, que deu o mote à edição deste ano.
“Estávamos a falar da videovigilância [representada numa das obras em exposição], que é muito boa por um lado, mas que em termos de intimidade não é muito boa. A verdade é que estou encantada com a bienal e com o tema”, referiu a amiga Marta, que ali entrou pela primeira vez.
“Já venho há muitos anos. Visitar a bienal já faz parte da nossa programação. É um evento muito interessante que começou como algo local e que se transcendeu. Hoje em dia é internacional e Vila Nova de Cerveira é um concelho com muita cultura”, afirmou Cármen Carreiro, de Pontevedra, que visitou o certame acompanhada pela filha Paula, que também é artista.
A Bienal Internacional de Arte de Cerveira conta 46 anos de existência e este ano associou-se às celebrações do centenário do nascimento de Jaime Isidoro, com produção de um documentário e realização de exposições naquela localidade e em Vila Nova de Gaia.
Entre os antigos e habituais visitantes, há quem faça questão de recordar o artista que fundou a iniciativa em 1978.
“Cheguei a conversar com o Jaime Isidoro, tenho obras dele de quando ele ainda era vivo, tenho um livro dele, e este ano havia uma homenagem especialmente a ele, portanto, vim à Bienal por um lado pelo tema da liberdade e, por outro lado, pela homenagem ao pai das bienais”, contou a octogenária Ilda Freitas, referindo que, nas suas visitas a Cerveira ao longo dos anos, também contactou com José Rodrigues e Henrique Silva, outros dois artistas associados à história do evento.
“Tenho um carinho especial por esta bienal porque é arte contemporânea, mas hoje está muito diferente do que era quando comecei a vir em 2005. Nós aí convivíamos muito com os artistas, era outra coisa, no entanto, temos que nos habituar à mudança”, notou.
