Quarenta anos depois, o Museu da Música celebra casa nova "cheia de alegria" e com três mil ovelhas
Autora: Cristina Lai Men
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A nova casa do Museu Nacional da Música abre portas este sábado, no Palácio Nacional de Mafra. Está prometida uma "festa bonita", com muitos concertos e estreias mundiais. Até ao fim do mês de Novembro, a entrada é livre.
A história do Museu Nacional da Música é "atribulada", admite na TSF o director Edward Ayres de Abreu.
Durante 30 anos, o museu esteve provisoriamente instalado na estação de metro do Alto dos Moinhos, em Lisboa. Agora, mais de dois anos depois do início das obras de reabilitação do Palácio Nacional de Mafra, o museu abre portas, este sábado, para uma nova era, com "um futuro novo, cheio de som, música e alegria", promete Edward Ayres de Abreu, enquanto carrega caixas e dá as últimas instruções antes da abertura ao público.
As vitrines estão prontas, com cerca de 500 peças em exposição, o dobro das que se podiam ver na estação do Alto dos Moinhos. Os instrumentos musicais, datados do século XII até aos nossos dias, foram todos alvo de um trabalho minucioso de recuperação, envolvendo peritos internacionais. Os suportes para os instrumentos foram feitos um por um, porque todos têm características distintas.

"Foi um trabalho muito longo", refere Edward Ayres de Abreu: "Foram dois anos de conservação e restauro, por uma equipa de mais de 100 técnicos específicos e 3000 ovelhas." Entusiasmado, o director do Museu Nacional da Música explica que a lã das ovelhas foi usada para as grandes cortinas cor-de-laranja, "fundamentais por razões acústicas", em salas com quase "sete a oito metros" de altura.
Edward Ayres de Abreu confessa "o alívio, a felicidade e o entusiasmo" para o novo capítulo do museu, que fala "mais de música e menos do instrumento musical".
"Este museu vai ser um museu cheio de música, muito sonoro, muito musical, ao contrário do que os museus são habitualmente. (...) A contemplação neste novo museu faz-se nas áreas do som. É um convite à descoberta."
A "festa bonita e diversificada" começa este fim-de-semana e a programação está definida até ao final de Janeiro. Entre os concertos, destacam-se o do maior carrilhão itinerante do mundo, uma orquestra de gamelão, outra de gaita de foles e estreias de obras multimédia, encomendadas pelo Museu da Música.
Na segunda-feira, o cravista Fernando Miguel Jalôto interpretará uma suite de François Couperin, num instrumento do século XVIII, que terá sido encomendado pelo rei francês Louis XVI, marido de Marie Antoinette. "É um tesouro nacional, um instrumento raríssimo no mundo inteiro e um exemplo do património vastíssimo" do museu. Daí que se sinta um privilegiado por estar "num sítio tão bonito, com um projecto de arquitectura e museografia tão rico".
As obras no edifício majestoso custaram sete milhões de euros, com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência. A inauguração foi marcada para 22 de Novembro, por ser o dia de Santa Cecília, a padroeira dos músicos. Até ao final do mês, a entrada será gratuita, mas alguns concertos, que exigem reserva, já estão esgotados.
