Rungano Nyoni, mulher africana da Zâmbia, vence prémio principal do IndieLisboa 2025
"On Becoming a Guinea Fowl" foi o grande vencedor do Indie Lx, que também premiou Cabo Verde, com as distinções aos filmes "Hanami", de Denise Fernandes, e "Orlando Pantera", a vida do grande compositor cabo-verdiano no documentário de Catarina Alves Costa. Mas há outros contemplados
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O Grande Prémio de Longa-Metragem Cidade de Lisboa (15 mil euros) foi atribuído a On Becoming a Guinea Fowl, da zambiana Rungano Nyoni. O júri, composto por Lyse Ishimwe Nsengiyumva, Marta Simões e Daniel Jonas, sublinhou a “narrativa corajosa e uma cinematografia impressionante”. Para os jurados, a realização sensata e sensível torna o filme numa experiência de visionamento atraente e faz dele "uma lufada de ar fresco – uma análise refrescante, mas profunda e poderosa".
"A hábil realizadora mostra-nos um mundo de relações familiares complicadas e tradições enraizadas, passando de uma narrativa culturalmente específica para temas universais de uma forma elegante e original", diz o júri. O filme tem a segunda sessão no IndieLisboa agendada para este sábado, às 21h30, no Cinema Ideal e arrecadou igualmente o Prémio Amnistia Internacional.
O Prémio Especial do Júri Canais TVCine, que garante a aquisição dos direitos do filme para Portugal, premiou Vitrival – The Most Beautiful Village in the World, da dupla belga Noëlle Bastin e Baptiste Bogaert. O júri refere “uma aldeia onde nada e tudo acontece ao mesmo tempo”. “O humor é seco, o ritmo é deliberado e o resultado é uma meditação irónica e pungente sobre a inércia e a estranheza tranquila da vida rural.”
No caso da Competição Internacional de Curtas-Metragens, o prémio é atribuído a Their Eyes, do francês Nicolas Gourault. O painel de jurados decidiu premiar esta “exploração antropológica do trabalho humano invisível por detrás do desenvolvimento da tecnologia de IA”, destacando-a como “uma meditação relevante sobre a forma como a tecnologia está a moldar a nossa perceção do mundo". Servicio necrológico para usted, da cubana María Salafranca, e The Building and Burning of a Refugee Camp, do irlandês Dennis Harvey, venceram o Prémio Especial de Júri.
No âmbito da competição nacional, o Prémio para Melhor Longa-Metragem nacional premiou Hanami, de Denise Fernandes, realizadora luso-cabo-verdiana. O filme “distinguiu-se pela sua precisão formal, profundidade emocional e contenção narrativa”. O júri sublinhou ainda “a sua linguagem visual envolvente, em que cada fotograma contribui significativamente para uma atmosfera de reflexão silenciosa”.
A melhor realização de um filme português no IndieLisboa consagrou Duas Vezes João Liberada, de Paula Tomás Marques. O júri refere-o como uma “abordagem ousada e inventiva à realização” e também porque “interroga as convenções e hierarquias históricas e cinematográficas com inteligência, humor e confiança. A capacidade da realizadora de navegar por temas complexos com liberdade formal é reveladora de uma voz artística madura e distinta”.
Nas curtas portuguesas, a vitória coube a Antígona ou a História de Sara Benoliel, de Francisco Mira Godinho, e o Prémio Novo Talento McFly (cinco mil euros convertíveis em serviços de pós-produção de som) foi atribuído a La Durmiente, de Maria Inês Gonçalves. O júri refere uma colisão entre passado e presente. “A realizadora reflecte sobre a forma como a memória molda o nosso presente e convida uma nova geração a questionar o que herda.”
O Prémio Novíssimos, que atribui um prémio de mil euros e a promoção e venda do filme em questão pela Portugal Film, sorriu a Em Reparação, de Beatriz Machado Oliveira, tendo ainda atribuído duas menções honrosas: Winners, de Edgar Gomes Ferreira, e Entre o Mar e a Ilha, de José Rodrigo Freitas.
O Prémio Honda Silvestre para Melhor Longa-Metragem é dividido por Ariel, de Lois Patiño, e little boy, de James Benning. O júri decidiu premiar ambas as produções, referindo “dois filmes que englobam os vários papéis do cinema: explorar, expandir e estimular a imaginação coletiva – na poesia e na política – duas facetas igualmente importantes da condição humana”. O Prémio Silvestre Escola das Artes para Melhor Curta-Metragem premiou a iraniana Maryam Takafori com Razeh-del.
Já nos filmes sobre música, o Prémio IndieMusic coube a Orlando Pantera, filme de Catarina Alves Costa, que o júri da competição, considerou “um documentário sem artifícios, nem bajulações, que mostra o percurso de uma filha em busca das influências deixadas pelo seu pai a tantas gerações e universos culturais (...) num retrato audiovisual que começa sendo familiar e termina também a ser nosso". Orlando Pantera tem sessão extra no IndieLisboa este domingo, 11 de maio, às 18h30, no Auditório Emílio Rui Vilar, na Culturgest.
Na segunda-feira são conhecidos os vencedores dos prémios do público (longa e curta-metragem, bem como Indie Júnior). Será nessa altura que o IndieLisboa irá dar a conhecer os vencedores em questão através do seu site e das suas redes sociais.