O vocalista dos GNR apresenta sexta-feira o livro Soñetos na Livraria Lello. Em conversa à TSF, o compositor portuense partilha onde foi buscar a inspiração para estas letras-poemas que têm muito da sua “tenra infância"
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São mais de 150 letras-poemas, ou seja, quadras que Rui Reininho escreveu, tendo em conta o ritmo da música e como elas poderiam ser cantadas.
O músico apresenta o livro Soñetos esta sexta-feira, no Porto, às 21h00, na Livraria Lello. Dia 5 de junho é a vez de Lisboa, na Feira do Livro, e dia 13 de junho, em Coimbra, na Livraria Almedina Estádio Cidade de Coimbra.
Porquê o nome Soñetos e onde foi buscar a inspiração para escrever estas letras-poema?
Aos animais, às plantas, ao fundo do mar... os sonhos, muitos sonhos. E daí este nome, que será um bocadinho misterioso, que são os soñetos. Não são sonetos na sua forma, são talvez uns sonetos sonhados porque parte muito do sonho. Eu por vezes não durmo profundamente, dormito, e uma das coisas que faço é tomo nota. Acordo abruptamente, e às vezes aparecem duas ou três tanjas, duas ou três ideias que depois quero desenvolver.
Sobre o processo de criação, quanto tempo é que demorou a escrever este livro? Em que momento do dia?
Há lá coisas que têm mais de, não sei, quase 60 anos. Há coisas muito de tenra infância. Mesmo a influência do “batem leve levemente, como quem chama por mim”, eu encontrei num caderninho muito antigo que era um diáriozinho, quase aquelas agendas onde eu anotava “sexta-feira fui ao cinema da Batalha ver o Doutor Jivago”, por exemplo — não, por acaso, teria sido no Coliseu; estou-me a lembrar agora primeira vez que o vi.
Mas são manutenções muito antigas que depois desenvolve quase como um mote para a minha vida. Tenho coisas bastante antigas. Tipo “Odisseia”. Disparo assim com memórias de infância. Eu musicava-as sempre, dava-lhes assim um ritmo, porque era um exercício que eu fazia com a minha velha mãe e às vezes ela cantava muitas ladainhas, coisas ultrarromânticas, muito — como é que eu hei de dizer — sombrias.
Mas tem algum local em que preferia escrever?
Faço muito trabalho de casa, estou muito em casa. Em viagem também [escrevo] porque uma das coisas que ritmicamente me inspira muito. Espero não estar a ser brejeiro, mas acho de certa maneira erótico, por exemplo, uma viagem de comboio e aquele “tum tum, tum tum, tum tum”. A mim inspira-me bastante exercícios de escrita rítmicos porque, de facto, temos aquele binário. É quase como o pessoal do hip-hop, [quando diz] “dá-me um beat”.
