A nova criação de Vitor Hugo Pontes, estreada dia 4 no Guidance em Guimarães, estará em cena de 11 a 13 de fevereiro no TNSJ.
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Vitor Hugo Pontes parte da Gaivota de Tchecov para criar uma peça de dança, o teatro como inspiração, guião, esqueleto e libreto para um espetáculo de dança. É aqui, na dança que vemos em palco, que nos apercebemos que o texto está todo lá, em vez de palavras os movimentos dos corpos dos bailarinos dão-nos a (in)tensão dramática da proposta, sem legendas.
A cada gesto dos bailarinos respiramos o texto do dramaturgo sabido de coração pelo coreógrafo. Este surgimento do texto sem a palavra na dança que vemos nada tem a ver com a linearidade narrativa, esta não se cumpre. O que se cumpre é a reflexão lançada pelo dramaturgo no seu texto, pensemos sobre o que é criar entre conflitos amorosos e artísticos.
'Devemos mostrar a vida não como ela é nem como deveria ser, mas como a vemos nos nossos sonhos.', relembra-nos o eco sempre presente da personagem de Tchecov. É isso mesmo. Este espetáculo é uma visão bela e poética de um sonho que nos é dado a ver pela mão de um grupo de artistas talentosos. É um gesto de amor.