Órgão de tubos da Sé da Guarda foi destruído nas invasões francesas ainda não foi reposto. É a única catedral do país sem este instrumento.
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A Sé da Guarda é a única catedral do país que não tem órgão de tubos desde o século XIX, durante as invasões francesas. Passaram-se 200 anos e o equipamento ainda não foi devolvido ao templo religioso, para lamento da Diocese e dos habitantes da Guarda.
"É a única Sé que não tem um órgão de tubos. As invasões francesas passaram por aqui e destruíram o órgão que cá estava, diz que para aproveitar os tubos de chumbo para fazer material de guerra", justifica o Bispo da Guarda D. Manuel Felício.
De acordo com o Bispo, para além de parte da talha, pouco sobrou de um instrumento musical que faz falta, tanto à cidade, como aos crentes. "É fundamental quer para a liturgia, para as celebrações que se fazem, quer também para a cultura porque há um conjunto de peças que podemos executar com valor cultural e que chamam pessoas", diz.
Desde que chegou à Guarda que D. Manuel Felício quer devolver este património à comunidade. Em 2009, a Diocese encomendou um projeto de um novo órgão ao especialista Gerhard Grenzing. A Direção Regional de Cultura do Centro comprometeu-se a ajudar na causa, mas, o processo teve poucos desenvolvimentos.
"Desde 2009 até 2019 é muito ano, é muito tempo, e estas coisas estarem paradas assim tanto tempo não dignifica ninguém. Inclusivamente cria um certo descorçoamento até na própria população que foi informada de um processo em curso e agora está tudo muito parado", lamenta o Bispo da Guarda.
Entende que chegou a altura de relançar este projeto, e salienta, que se o Estado avançar com os prometidos 400 mil euros, a Diocese arranja os 300 mil que faltam para comprar o órgão, prometendo fazê-lo num "tempo razoável".
"Não são precisos 10 anos. Já o dissemos em vários lugares e repito: deem-nos os 400 mil euros que nós arranjamos o resto e pomos aqui o órgão. E se não pusermos cá o órgão devolvemos os 400 mil euros com juros", conclui.
O caso já chegou à Assembleia da República, com o deputado do Partido Socialista, Santinho Pacheco, a questionar o Governo sobre a instalação do equipamento.
Numa pergunta dirigida à ministra da Cultura, o parlamentar questiona a quem compete a condução do projeto, e que envolvimento têm a Direção Regional de Cultura do Centro, a Diocese e a Câmara Municipal da Guarda.