Teatro sobrevive no Interior apesar do apoio insuficiente

Comemora-se, esta quinta-feira, o Dia Mundial do Teatro. No Interior Norte do país há apenas três companhias de teatro profissional. Filandorra, Peripécia e Urze estão sediadas em Vila Real e todas reconhecem que não é fácil desenvolver a atividade.

A Filandorra está quase a fazer quatro décadas de existência e, segundo o diretor, David Carvalho, continua a viver, ano após ano, na incerteza. Apesar de reconhecer que o tempo “é de crise”, a companhia está a tentar “reorganizar candidaturas” e “furar todas as possibilidades” que permitam “manter todos os postos de trabalho”.

A Filandorra Teatro do Nordeste tem uma equipa de 15 pessoas e o objetivo é fazer das tripas coração para as manter, já que “alguns empregos podem estar em perigo a breve prazo” e “isso sairá mais caro ao Estado”.

A Peripécia Teatro tem 20 anos e sete pessoas no quadro. O codiretor Sérgio Agostinho elege a “inexistência de verbas para os trabalhos artísticos” e a “dificuldade em captar recursos humanos para que se fixem na região” como as principais dificuldades, que justificam que “é bastante difícil manter uma companhia no Interior do país”.

A Urze Teatro tem 25 anos, seis pessoas na equipa permanente e o lamento do diretor, Fábio Timor, não é diferente dos outros dois responsáveis. Assume que a atividade teatral “não é fácil em todo o país” e no Interior “há sempre dificuldades acrescidas”. Devem-se à “falta de desenvolvimento económico da região” e “à cada vez mais acentuada saída da população”.

As três companhias profissionais de Trás-os-Montes e Alto Douro assinalam o Dia Mundial do Teatro de forma diferente. A Filandorra tem uma hora de espetáculo, que, na prática, não vai acontecer. Os atores ficam na sala de espetáculos da companhia em Vila Real, totalmente parados e em silêncio.

A Peripécia passa o dia em ensaios para nova produção dedicada ao lobo-ibérico e a Urze leva ao Teatro de Bragança, às 21h00, “Fio Mental”, a mais recente criação.