Quem não se lembra do icónico "Vagabundo" preso à rotina das máquinas, tentado sobreviver num mundo moderno e cada vez mais industrializado?
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Foi a 5 de fevereiro de 1936 que o mundo conheceu um dos filmes mais significativos da carreira de Charlie Chaplin e uma das obras-primas do cinema mundial.
"Tempos Modernos" segue a vida de um funcionário, um trabalhador modelo que, apanhado nas rotinas da produção em massa, tem um esgotamento nervoso. Do hospital, à prisão, ao desemprego, ao "Vagabundo" tudo acontece. Até que o amor de uma bela mulher o ajuda a escapar à polícia.
A estreia de "Tempos Modernos" foi aguardada, na altura, com muita expectativa. Chaplin, enquanto realizador, prometia uma "história da revolução industrial, de conquista pessoal, uma cruzada humana em busca da felicidade".
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A inspiração foi buscá-la ao dia-a-dia de então: "Certo dia, ia eu no meu carro quando reparei num grupo de pessoas a sair de uma fábrica, a 'picar o ponto' religiosamente. Assoberbado pela forma como o mundo moderno é produção em massa, questionei-me sobre o que aconteceria ao progresso das máquinas se uma única pessoa decidisse agir como se não existissem regras", explicou na altura ao jornal The New YorK Times.
O filme foi largamente aclamado pela crítica, que elogiou a forma como o realizador conseguiu trazer gargalhadas face a um assunto tão sério, mas teve um desempenho menos bom nas bilheteiras norte-americanas.
Tão pouco agradou à Academia de Hollywood, que não gostou do tom crítico com que o filme retratava a sociedade norte-americana da altura, em plena Grande Depressão. O filme não teve qualquer nomeação para os Óscares desse ano.
"Tempos Modernos" foi também o filme onde se ouviu pela primeira vez a voz de Charlie Chaplin, um eterno resistente do cinema falado. Depois de toda uma narrativa feita sob a lógica do cinema mudo, eis que no final do filme, o "Vagabundo" canta.
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Grande parte da letra pouco se percebe mas já era indicadora do que, quatro anos mais tarde, veríamos nos discursos de Adenoid Hynkel em "o Grande Ditador", o primeiro filme sonoro de Chaplin.
Da banda sonora de "Tempos Modernos", composta por Charlie Chaplin com a ajuda do compositor Alfred Newman, sairia um tema romântico ao qual, anos mais tarde, foi acrescentada letra. Surgia assim o tema "Smile" ("Sorri", em português), imortalizado na voz de Nat King Cole.
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Para esta primavera está prevista a inauguração de "O Mundo de Chaplin - O museu dos Tempos Modernos", na Suíça. Construído na propriedade onde passou os últimos 25 anos de vida, na região de Corsier-sur-Vevey, o espaço vai permitir recriar a vida e obra de uma das figuras mais emblemáticas do século XX.