A frase é uma alusão a um poema do irlandês William Butler Yates e dá o título à exposição inaugurada na Fundação Calouste Gulbenkian, sobre os impactos culturais da Grande Guerra em Portugal.
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"É uma exposição muito documental e variada, tem muita informação histórica e também tem um vasto espetro de criações culturais" revela Pedro Aires Oliveira, um dos curadores da exposição "Tudo se Desmorona".
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Nesta exposição existem obras e documentos inéditos de diversas proveniências, foram cedidos por instituições como a Liga dos Combatentes, a ordem Hospitaleira de São João de Deus, o Museu Militar ou a Cruz Vermelha Portuguesa e também por colecionadores particulares.
Entre os inéditos "os gessos do escultor Teixeira Lopes, o estudos para o monumento português em La Couture, em França, no setor português na Primeira Guerra Mundial e um tríptico bastante imponente do pintor José Joaquim Ramos que está normalmente no gabinete do Chefe de Estado-maior do Exército", conta Pedro Aires Oliveira.
Nunca antes exposto, também o retrato de um soldado ferido do batalhão de Infantaria desenhado a carvão por Adriano de Sousa Lopes, o pintor oficial do Corpo Expedicionário Português (CEP) na Flandres. "É um caso único em Portugal, um artista que está a testemunhar a guerra na linha de fogo, na primeira linha", sublinha Carlos Silveira que, com Ana Vasconcelos e Pedro Aires Oliveira compõe a equipa de três comissários da exposição.
Da frente de guerra, há ainda as fotografias de Arnaldo Garcês, o fotografo oficial do CEP, algumas impressas em postais e colocadas ao serviço da propaganda.
Mas, nesta exposição, há não só a visão de Sousa Lopes e Garcês que acompanharam o Corpo Expedicionário Português, como a visão de artistas que não tendo vivido a guerra de perto "não deixaram de ser interpelados pelos acontecimentos", sublinha Carlos Silveira. É o caso de Amadeu de Sousa Cardoso ou Robert Delaunay, Jorge Barradas, Leal da Câmara ou Hein Semke.
Dividida em seis secções (1. Guerra Cultural e Mobilização Cívica; 2. 1917, Ano crítico; 3. Visões artísticas; 4. Cuidar do Vivos; 5. Antagonismos e Mudanças sociais; 6.A disputa pela memória), a exposição "Tudo desmorona. Impactos culturais da Grande Guerra em Portugal" permite conhecer o impacto social e descobrir marcas culturais da participação portuguesa na I Grande Guerra quando "tudo se desmorona" como no poema de William Butler Yates ( The second Coming, 1919).
Um poema escrito "quando a Europa estava a viver ainda à sombra dos grandes sobressaltos que se desencadearam no fim da guerra e no rescaldo da guerra, foi um período de revoluções, de grandes antagonismos e ruturas sociais, "things fall apart, tudo desmorona, the centre cannot hold, não há aqui estabilidade", lembra Pedro Aires Oliveira.
Esta exposição pode ser vista na Sala de Exposições Temporárias da Fundação Calouste Gulbenkian até 4 de Setembro. A entrada é gratuita.