Um livro de pessoas, templos e paisagens. Uma coleção com mais de 200 fotografias captadas na Índia
A obra do fotógrafo Paulo Segadães, com 20 anos de profissão, que em agosto de 2023 foi durante quase três semanas em busca de Vrindavan, uma localidade ligada à espiritualidade, cultura hindu, devoção da deusa Krishna e à prática do Bhakti Yoga
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Paulo Segadães menciona que sempre teve o “desejo de fazer um livro de fotografia” e na procura dessa realização foi até à cidade de Vrindavan, a mais de 150 km da capital indiana, Nova Delhi. Durante seis anos, dedicou-se ao estudo da filosofia do “Bhakti Yoga”, da cultura “hindu”, da devoção à deusa “Krishna”.
Durante este tempo, conta à TSF, percebeu que o sítio onde iria parar em agosto de 2023 era "um sítio que estava parado no tempo, claro que hoje cada vez mais já se começa a notar o progresso, tudo o que é de moderno, mas ainda assim é uma cidade que tem umas características muito especiais", revela. Toda a viagem à cidade “espiritual” durou quase três semanas.
“É uma cidade que tem características muito especiais, nomeadamente, tem mais de 4000 templos dentro da cidade, desde os templos que são do tamanho de um armário que tem uma estátua lá dentro a templos enormes como catedrais e igrejas. As pessoas que vivem ali [Vrindavan, Índia] são pessoas que vivem da mesma maneira que está descrito nos livros espirituais com 5 mil anos, os "vedras" que vivem com a mesma devoção e que têm uma felicidade muito especial”
O fotógrafo afirma à TSF que durante a recolha do material para a produção do livro “Vrindavan”, fez mais de cinco mil fotografias, ao que foi necessário um trabalho de "separar imagens que gostava, tratando-as, fazendo algumas correções de cor e por aí fora" até que chegou a um momento que percebeu que "tinha um conjunto de imagens que tinha de decidir como é que ia pô-las num livro" e depois começou "no computador a fazer experiências, ou seja, uma imagem uma ao lado da outra ver se esta funciona ou aquela não funciona". Ao longo deste tempo foi avançando e, quando deu por ela, foram dar a agosto de 2024, a altura onde eu montou "praticamente o livro todo", explica.
"Eu fotografei tudo e mais alguma coisa, tive uma guia que me ajudou imenso porque é uma pessoa que para além de viver em Vrindavan há mais de 20 anos, sabe a filosofia toda de trás para a frente e onde é que as coisas aconteceram e as coisas que aconteceram nos livros e ajudou-me a poder ir aos sítios mais importantes e também serviu de intérprete porque na cidade [Vrindavan, Índia] o inglês não é a língua mais corriqueira e fala-se muito uma série de dialetos."
Paulo Segadães tentou realizar uma obra em que se engloba a população que goste de fotografia ou que goste de arte para que possa ter aqui o acesso a um sítio onde não se vai todos os dias. "O livro tem um objetivo grande de chegar às pessoas que são devotas e que estão dentro da filosofia e que conhecem Vrindavan que seja só de nome", afirma.
O livro levou um ano a ser concluído, uma vez que Segadães fez "tudo sozinho". "Eu sou a editora, sou o designer, sou quem fez o layout, quem fez as fotografias, quem tratou as imagens, quem tomou as decisões todas e quem financiou o projeto", explica e não esconde que "é uma grande vitória".
"Fiquei feliz de fazer isto sem a ajuda de uma grande editora ou de uma publicação qualquer (...) tem um gosto especial", assume.
"Quando fui estudar fotografia e quando comecei, tinha o sonho de ser artista, fazer exposições, publicar livros, quis o destino que eu virasse um fotógrafo comercial e fazer fotografia de moda, publicidade e vi sempre o meu trabalho a ser publicado em revistas e nunca tive um livro."
"Vrindavan" está disponível para compra online, desde o dia 1 de dezembro, e teve direito a apresentação no ano passado, em Lisboa.