Uma estufa única em Portugal: estrutura de ferro fundido classificada como património cultural
Até ser adquirida pelo município, a estufa esteve ao abandono, foi vandalizada e foram furtadas partes do ferro. A TSF conta a história da Quinta da Condessa
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A Câmara Municipal de Gaia vai propor a classificação da antiga Quinta da Condessa do Parque da Lavandeira para património cultural de interesse nacional. A proposta do município abrange uma área que adquiriu em 2020, que inclui a casa senhorial, os jardins e outros tesouros, numa larga quinta com 12 hectares. A Quinta da Condessa, noutros tempos uma propriedade agrícola, esconde uma estufa neogótica, uma enorme estrutura de ferro que pesa mais de 38 mil quilos.
Para conhecer a estufa temos de recuar na história da Quinta da Condessa, que teve vários proprietários. Em 1834 a propriedade foi comprada por Joaquim Leal, que chegou a ser vereador da autarquia de Gaia e que foi o responsável por planificar a quinta, o lago e as respetivas plantações. Já por volta de 1880 o conde António da Silva Monteiro comprou a quinta e lá viveu com a mulher, a condessa Carolina Júlia, que morreu na quinta em 1921. A estufa terá demorado três anos a ser erguida, estando pronta em 1883. O município de Gaia adquiriu a quinta em 1987 e em 2005 abriu-a ao público. Henrique Nepomuceno, responsável pelo parque biológico, conta à TSF mais sobre esta peça única.
“O primeiro [proprietário] foi o Cunha Leal, que foi o arquiteto da quinta, quem desenhou a quinta, logo no início em 1834, mas quando cá chegou começou logo a fazer as plantações e a desenhar tudo o que foi a arquitetura da quinta. Depois tem o outro proprietário importante, que foi o conde Silva Monteiro, foi ele quem mandou construir a estufa neogótica, foi ele quem marcou a parte final da quinta, a condessa, e por isso também se chama a quinta da condessa, sua esposa, morou na quinta até 1921, falecendo aqui.”
Até ser adquirida pelo município, a estufa esteve ao abandono, foi vandalizada e foram furtadas partes do ferro. O biólogo adianta pormenores da construção deste símbolo do parque municipal.
“É uma estufa neogótica que custou dez mil réis para a época e foi terminada em 1883, demorou cerca de três anos a ser concluída, foi gasto cerca de 38 toneladas de ferro e a fundição que a construiu foi a fundição do ouro do Porto.”
Valentim Miranda, vereador do Ambiente da Câmara de Gaia, avança que a candidatura deste espaço como património cultural de interesse nacional já está concluída e à espera de aprovação. O vereador revela o que pretendem fazer no futuro com a reabilitação que custa perto dos dois milhões de investimento.
“A estufa neogótica, uma das melhores peças, em Portugal só há uma, em Espanha há outra semelhante. Nós além desta temos depois umas pequenas estufas. Esta reabilitação, a nossa intenção é ter aqui uma sala de chá, aberta diariamente, e à noite termos música, nós somos uma cidade que temos muitas escolas de música e portanto para chamarmos as pessoas ao parque podermos ter aqui atividades conjuntas com essas escolas.”
A intenção é que o espaço possa ser de lazer e que convide a população a visitar e passar o seu tempo nos jardins do parque.
A grande estrutura de ferro, toda ornamentada, foi alvo de um complexo processo de criação e aguarda agora a classificação como património cultural.
A Quinta da Condessa fica no Parque da Lavandeira, o conhecido parque da cidade de Gaia, por onde passam mais de 12 mil pessoas todos os meses.
