"Uma grande estrela de cinema é aquela que nos toca." Como Mário Augusto vê Hollywood
Dustin Hoffman, Meryl Streep e Jodie Foster são algumas das 25 personalidades do cinema que se cruzaram no percurso do jornalista Mário Augusto. O cinéfilo retrata agora as histórias com estas estrelas em livro.
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No cinema já foram vistas representações marcantes, mas há muito mais escondido dessas prestações que vemos. Mário Augusto teve conversas com os astros de Hollywood que mostram isso mesmo, confissões "desconcertantes", como a que teve de Dustin Hoffman, tendo o ator revelado que problemas de memória tornaram difícil decorar as falas dos seus papéis.
São estas conversas com 25 atrizes e atores ao longo de 30 anos que o autor apresenta no seu livro "Janela Indiscreta: O que dizem as estrelas".
Teve inúmeras conversas com estrelas do cinema norte-americano, tendo entrevistado, diz Mário Augusto, mais de oito vezes cada personalidade. E o autor descreve o resultado: "Foi um puzzle interessante sobre as vidas dessa gente, não coscuvilhando, não sendo um coscuvilheiro funcional, mas sendo um curioso cinéfilo."
O jornalista confessa que, após algumas conversas, certas estrelas ficaram com "menos encanto", apontando a conversa com Robert De Niro, um entrevistado particularmente difícil, onde o ator não o olhava nos olhos, fixando o olhar no teto, sapatos e relógio.
Questionado pela TSF sobre o que é uma "grande estrela", Mário Augusto afirma prontamente: "Uma grande estrela, se for a de cinema, é aquela que nos toca, aquela que vem da projeção connosco. Que tem a medida certa de interpretação, porque depois há uns que ficam aquém da personagem e há outros que estão além da personagem."
Considera o trabalho que faz como mais difícil nos dias de hoje e deixa conselhos: "Estar numa atenção constante, não levares perguntas escritas, ires de mente aberta para os ouvir e, quando sentes uma oportunidade, furas o raciocínio, deixas completar o raciocínio, mas furas e desencadeias a pergunta a seguir numa reação à resposta. E isso espevita-os e consegue mantê-los ativos no raciocínio."
O livro termina com Woody Allen, a quem o jornalista ofereceu a versão portuguesa da prosa do ator, afirmando que estes gestos entre o autor e as personalidades de Hollywood são comuns. E responde que sempre que encontra alguma ligação entre os atores de cinema e Portugal tenta fazer chegar essas recordações.
Na maior parte dos casos são livros, que folheiam com surpresa e encontram que, num país pequeno como Portugal, há um grande interesse pelo seu trabalho. Como conta, Woody Allen folheia o livro durante toda a entrevista, perguntando sobre o que estava escrito, querendo mesmo saber o significado de duas ou três expressões específicas.
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