"Uma história mágica." Livro infantil retrata esculturas rejeitadas em São Pedro da Afurada
“Afurada e a Cor das Memórias” retrata uma história real sobre as nove esculturas que até 2021 se mantiveram escondidas na Sacristia da Igreja Paroquial de S. Pedro da Afurada
Corpo do artigo
“Afurada e a Cor das Memórias” é o nome do livro infantil que vai ser apresentado, este sábado, na Igreja Paroquial de S. Pedro da Afurada. O livro, escrito por Cátia Oliveira e Catarina Montenegro, conta uma história real sobre as nove esculturas que até 2021 se mantiveram escondidas na sacristia.
O livro infantil remete para a história de nove esculturas esculpidas em madeira que foram rejeitadas por serem modernistas e fugirem ao aspeto visual das tradicionais peças de arte sacra. Uma história verídica que aconteceu em 1955 na comunidade de S. Pedro da Afurada.
Cátia Oliveira, investigadora na área do património e uma das autoras, decidiu relatar a situação insólita num livro infanto-juvenil, de memórias, para ser lido em família. De forma a conseguir explicar a história às crianças, as autoras decidiram que a personagem principal seria um avô, que através de um álbum de fotografias, introduz ao neto o dia em que as estátuas chegaram à Afurada numa procissão fluvial.
"Muitas destas memórias contam-nos algo da nossa terra, da nossa região, que nós não sabíamos, e quando são os avós a contar, às vezes, traz algum mistério. Este livro, tal como nós dizemos, conta uma história mágica porque parte de uma história real que aconteceu de facto na comunidade de S. Pedro da Afurada e que nos remete para 1955 com a chegada de um conjunto de nove peças de arte sacra do escultor Altino Maia, que não foram muito bem aceites pela comunidade."
O livro, que será apresentado este sábado, destina-se a crianças entre os 5 e os 9 anos, e o intuito das escritoras é que ele seja abordado não só em contexto familiar, como também nas escolas. Para isso, criaram um site complementar à narrativa, com atividades interativas para os professores realizarem junto das crianças.
Como se trata de uma obra infantil, as autoras destacam as ilustrações nele feitas. O livro foi ilustrado ao pormenor de forma a transparecer a realidade das peças de arte sacra e assim aproximar as crianças do momento que é tratado na obra.
"A maioria, se não todas as ilustrações do livro são baseadas em imagens reais, ou seja, conseguem ou tentam transportar as crianças para aquele momento ou para aquela terra maravilhosa que é a Afurada."
A outra autora, Catarina Montenegro, educadora de infância, defende que a narrativa pretende aproximar o público mais novo do património local e que esse é o principal objetivo da criação do livro: a educação patrimonial.
“A principal mensagem é fomentar a educação patrimonial e trabalhar valores morais e cívicos com as crianças. Isto pode ser trabalhado nas escolas ou também num contexto familiar, em casa, mas este é o objetivo principal, trabalhar a educação patrimonial e a preservação das memórias locais.”
Apesar de ser um livro sobre uma comunidade do Norte, as autoras esperam que a escrita "simples" transporte as memórias que relatam no livro a todo o país.
“Criámos uma história muito simples, muito leve, mas que, ao mesmo tempo, contém conceitos muito específicos, principalmente vocabulário da comunidade piscatória. Isto faz parte das nossas memórias locais e de Portugal, é uma história portuguesa e queremos que seja trabalhada de norte a sul.”
A apresentação da obra está agendada para dia 23 de novembro às 17h15 na Igreja de S. Pedro da Afurada, em Vila Nova de Gaia. O livro está à venda nos locais habituais.
