"Uma ótima ideia." Ana Zanatti aplaude regresso de "O Lugar do Morto" às salas de cinema
O filme do realizador António-Pedro Vasconcelos volta a ser exibido em Lisboa e em Vila Nova de Gaia até à próxima quarta-feira, dia 12 de março
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A atriz Ana Zanatti, que fez o papel de Ana Mónica no filme "O Lugar do Morto", de António-Pedro Vasconcelos, concorda com o regresso da longa-metragem às salas de cinema, na semana em que o realizador faria 86 anos.
Ouvida pela TSF, a artista entende que se trata uma homenagem justa, não só pelo momento, mas também pela pessoa que quer recordar. "Faz um ano desde que António-Pedro morreu, pelo que acho importante assinalar o seu trabalho", entende a atriz portuguesa. Fala numa "ótima ideia", que quer lembrar "um dos trabalhos mais significativos" do realizador.
O filme estreou a 25 de outubro de 1984 e foi um dos maiores êxitos de bilheteira do cinema português, ultrapassando os 300 mil espetadores. Ana Zanatti considera que foi um trabalho diferente do que tinha sido feito até então em Portugal. "Veio rasgar com uma forma de fazer filmes e de contar histórias através do cinema", além de "desafiar certos preconceitos" que estavam instalados num país "bastante distante do que se ia passando lá fora" por causa da ditadura, afirma a atriz.
“O Lugar do Morto”, de António-Pedro Vasconcelos, regressa agora às salas de cinema portuguesas. Vai ser exibida uma cópia restaurada do filme, todos os dias às 19h00, até dia 12 de março (quarta-feira), numa das salas da UCI Cinemas, no El Corte Inglês, em Lisboa, e no Arrábida Shopping, em Vila Nova de Gaia.
Nascido em Leiria em 10 de março de 1939, António-Pedro Vasconcelos foi realizador, produtor, crítico e professor, um defensor do cinema popular, quis filmar até ao fim. Morreu a 6 de março aos 84 anos, quando estava a desenvolver uma adaptação de "Lavagante", a partir de uma obra de José Cardoso Pires, e a série televisiva "Conspiração", sobre o 25 de Abril de 1974.
António-Pedro Vasconcelos estreou-se na ficção com "Perdido por Cem", em 1973, que realizou e escreveu, dando início a uma longa carreira de 50 anos com múltiplos títulos populares.
Protagonizado por Ana Zanatti e Pedro Oliveira, "O Lugar do Morto" é uma "crónica sentimental de Lisboa, à procura de um sinal de orientação no labirinto" e que "está longe de ser só a história de uma sedução mortífera", escreveu Jorge Leitão Ramos aquando da estreia em 1984.
António-Pedro Vasconcelos assinou ainda, entre outros, "Aqui d'El Rei" (1992), "Jaime" (1999), premiado no Festival de Cinema de San Sebastián, em Espanha, "Call Girl" (2007), "A Bela e o Paparazzo" (2010) e "Os Gatos Não Têm Vertigens" (2014).
Vencedor de múltiplos Globos de Ouro e prémios Sophia, em Portugal, foi ainda distinguido em 2020 pela Academia Portuguesa de Cinema com um prémio de carreira.
Em 1992, foi condecorado com a Ordem do Infante D. Henrique pelo então Presidente da República, Mário Soares, para quem tinha feito os tempos de antena.
"Km 224" (2022) foi o último filme de António-Pedro Vasconcelos estreado nos cinemas, numa altura em que estava a desenvolver um projeto de adaptação de "Lavagante", uma obra inacabada do escritor José Cardoso Pires, editada a título póstumo em 2008.
Produzido por Paulo Branco, o filme está em pós-produção, tendo a realização sido entregue a Mário Barroso.
O último projeto televisivo de António-Pedro Vasconcelos, a série documental "Conspiração", estreou-se em abril de 2024 na RTP, debruçando-se sobre "tudo o que esteve por trás da 'Revolução dos Cravos', contando com testemunhos de protagonistas que prepararam a revolta militar", referiu a estação pública de televisão.
