"A maior banda do mundo" são muitas. São também os Kiss. E estão de regresso a Portugal, 35 anos depois.
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Esta primeira quinzena de julho assiste a uma autêntica parada de estrelas do rock pesado, cá pelo nosso burgo. Já tivemos concertos de Ozzy Osbourne e Judas Priest, ainda vamos ter Iron Maiden (Altice Arena, dia 13), Queens Of The Stone Age (NOS Alive, 13), Pearl Jam (NOS Alive, 14) e os gigantes Kiss, esta terça-feira no Estádio Municipal de Oeiras, no evento The Legends Of Rock, que conta também com os Megadeth e Scorpions (dia 11).
Se os norte-americanos e os alemães contam já com múltiplas visitas ao nosso país, os Kiss só cá vieram uma vez - a 11 de outubro de 1983, num daqueles infames concertos no Pavilhão do Dramático de Cascais para não esquecer. Na verdade, foi uma data histórica, não apenas para os fãs do quarteto-espetáculo, como para o universo dos Kiss, em geral. Essa foi a primeira ocasião em que o grupo tocou desmascarado, com as faces ao natural. Só viria a atuar de novo, de cara pintada, em 1996, na reunião com os membros originais.
"Detroit Rock City" em Portugal, 1983. Primeiro concerto dos Kiss sem maquilhagem
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A presente Kiss World Tour tem, por estes dias, uma rota ibérica, com quatro datas em Espanha e o ansiado concerto em solo luso, esta terça-feira, em Oeiras. É bem provável que sejam os últimos espetáculos da banda este ano, prometida que está uma digressão mundial de três anos, a começar em janeiro de 2019. Será "a tour mais espetacular de sempre", segundo Gene Simmons, com passagem por todos os continentes do globo. No entanto, apesar de o baixista contar já 68 anos de idade e o cofundador Paul Stanley ter 66, não há qualquer indicação de que essa seja a tournée de despedida dos Kiss.
Kiss em 1975 no programa The Midnight Special
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Formado em 1973, em Nova Iorque, o quarteto de Simmons, Stanley, Ace Frehley e Peter Criss foi fonte de influência para distintas ramificações artísticas e da própria indústria musical, tendo sido dos primeiros a introduzir o conceito de merchandise com mais eficácia. Mais de 3000 produtos estão hoje licenciados em nome dos Kiss, desde as famosas action figures, livros de BD, preservativos e até um Kiss Kasket (caixão). Há também máquinas de flippers alusivas aos Kiss, uma das quais era atração numa tasca da Brandoa, por onde costumava parar Fernando Ribeiro dos Moonspell.
"A minha afinidade com Kiss começa ainda em criança. Havia essa máquina de flippers que eu depois quis comprar, mas não sei o que lhe fizeram...", confessa à TSF o vocalista português, figura de proa da linha mais dura do rock nacional, o heavy metal, cujos subgéneros muito devem à influência dos Kiss. "Foi sempre uma banda que esteve no meu imaginário e no do Mike [baterista], vindo da América, porque eles lá são um fenómeno cultural; têm uma dimensão superior ao que se passa na Europa. Aqui são uma banda de rock n' roll, de entretenimento; nos Estados Unidos, fazem parte da cultura pop. Até vermos os concertos deles e partilharmos o mesmo espaço, não fazíamos ideia do que se passa dentro da produção de uma banda tão gigantesca como os Kiss."
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Isto porque, na primavera de 1997, os Moonspell chegaram a abrir para os Kiss. Foram suporte direto em três concertos - dois na Áustria e um na Sérvia - por impossibilidade da banda alemã convidada. " Em Belgrado, tinham limusinas, quadros a óleo especialmente pintados para eles pelo melhor pintor sérvio, médico em tournée para o Ace Frehley... O mundo dos Kiss é um mundo completamente à parte de qualquer outra banda de rock."
A par de Alice Cooper, os Kiss foram dos primeiros shock rockers a usarem maquilhagem para criarem alter-egos e chocarem os ditames no início da década de 1970. O aparato pirotécnico em palco, cuspir fogo e sangue, os vôos dos músicos, a bateria levitante e a comprida língua de Gene Simmons são, ainda hoje, imagens de marca do grupo, cuja excentricidade lhe valeu sempre mais reconhecimento do que censura. The Demon, como é conhecido o baixista e vocalista nos KISS, é o mais polémico dos quatro, correndo o mito de que já teve sexo com milhares de mulheres.
Se Simmons até já teve o seu próprio reality show na TV norte-americana, "Gene Simmons Family Jewels", Paul Stanley, co-autor de muitos dos êxitos da banda, é mais obcecado por manter uma saúde física que lhe permita ser um sexagenário em forma, na estrada. The Starchild é o outro fundador "sobrevivente", numa banda que já viu sair o guitarrista solo original, Ace Frehley (The Spaceman), e ainda contou com o baterista Peter Criss (The Catman) nas primeiras datas da Kiss Farewell Tour, no ano 2000 que, afinal, estava longe de ser a digressão de despedida.
Kiss em 2014, Las Vegas
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Hoje, com Tommy Thayer na guitarra e Eric Singer na bateria há já largos anos, os Kiss são das mais bem sucedidas bandas na história do rock, tendo vendido mais de 100 milhões de discos em todo o mundo. Gravaram dezanove álbuns de estúdio, estreando-se com um trabalho homónimo em 1974, sendo "Monster" de 2012, o último registo. Nos seus 45 anos de carreira deram cerca de 2300 concertos, aos quais se junta a data de Oeiras, esta terça-feira no Estádio Municipal, num dia inicial de The Legends Of Rock com suporte dos Megadeth, a partir das 20h30.
Alinhamento do concerto dos Kiss no WiZink Center, em Madrid no passado domingo, 8 de Julho:
Deuce
Shout It Out Loud
War Machine
Firehouse
Shock Me
Say Yeah
I Love It Loud
Flaming Youth
Calling Dr. Love
Lick It Up
God Of Thunder
I Was Made For Lovin" You
Love Gun
Black Diamond
Encore:
Detroit Rock City
Rock And Roll All Nite