Neste espetáculo de Pedro Prazeres, pertença e paisagem são movimentos que se traçam na contemplação de um corpo que volta a si.
Corpo do artigo
Bailarino e arquiteto paisagista, Pedro Prazeres estreia-se, como coreógrafo, em Portugal, com um objeto onde nos reencontramos com a paisagem do nosso corpo através de um outro. Velvet Carpet é esse corpo. É um corpo em forma de objeto duracional, com o qual respiramos ao ritmo dos sulcos que compõem a rota que vai traçando e acolhendo.
O chão de veludo, que dá título à obra, é um terreno que se torna membrana, de forma a ser preenchido pelo ser que vibra (Julen Barrenengoa). Este, sob uma projeção Martins Ratniks, expande-se através de um outro ser vibrante (Jorge Queijo), que lhe completa a linguagem através da percussão e da eletrónica ao vivo. Em seguida, os vídeos de Sofia Marques Ferreira, instalam-se como pontos de luz que, provocando no espetador um movimento oscilante entre o desejo e a distância, nos convidam a permanecer sobre a pele do espaço.
Afinal, nesta experiência, as luzes não se desligam, mas retornam a casa, o limiar que se estende entre etéreo e corpo e, depois, entre um corpo e outro, coabitando o objeto para o levarem consigo nas palavras que dele resultaram e que o prolongam, em forma de livro, composto por Carolina Martins.
Velvet Carpet, de Pedro Prazeres, com estreia no Ateneu Comercial do Porto a 28 de Março de 2019, pelas 19h, no âmbito do Festival Vivarium.