Chega esta quarta-feira às livrarias a obra póstuma do escritor colombiano, Nobel da Literatura em 1982.
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Gabriel Garcia Márquez não queria que o livro chegasse aos leitores. "É um livro inútil. Tem de ser destruído", defendia nos últimos anos de vida, que dedicou à novela "Vemo-nos em Agosto".
A protagonista é uma mulher casada, com dois filhos e uma vida estável, que todos os anos, em Agosto, viaja até à ilha onde a mãe está sepultada, para visitar depositar flores no seu túmulo. No bar do hotel, observa os homens todas as noites, até que passa a arranjar um novo amante, em cada ano.
Arquivado durante anos, "Vemo-nos em Agosto" chega hoje às livrarias, em edição póstuma, no mesmo dia em que Garcia Márquez faria 97 anos.
Um dos filhos, Rodrigo Gárcia Barcha, explicou em conferência de imprensa, que a família decidiu avançar com a publicação, porque "pareceu-nos que o livro estava muito melhor do que nos lembrávamos. Quando ele dizia: este livro não serve, este livro é uma desordem, fez-nos suspeitar que ele tinha perdido a capacidade para julgar o livro".
Garcia Márquez escreveu cinco versões de "Vemo-nos em Agosto", descrito pela editora como um "romance exuberante", "um hino à vida, à resistência do prazer apesar da passagem do tempo e ao desejo feminino."
A directora editorial da Penguin Random House espanhola, Pilar Reyes, sublinha que o livro "é a prova de que um escritor não pode deixar de escrever. Ou para dizê-lo de outra maneira: não pode viver sem escrever. Como se nos dissesse que na verdade, não se vive para contar, mas conta-se para viver".
E este romance é a última dádiva do Nobel da Literatura. "Não há mais livros porque não há mais livros não terminados.
Este é o último sobrevivente. Por outro lado, ele sempre disse que quando estivesse morto, podiamos fazer o que quisessemos, o que só nos ajuda a dormir melhor".
Dizem os filhos de Garcia Márquez que "Vemo-nos em Agosto" tem "a beleza da prosa, o conhecimento do ser humano e poder de descrição" que marcam a obra do escritor colombiano.
O livro é posto à venda esta quarta-feira, em 25 países, incluindo Portugal.
Chega às livrarias 20 anos depois do último romance de Garcia Márquez, "Memória das minhas putas tristes", editado em 2014.
O escritor foi galardoado com o Nobel da literatura, em 1982.