É um projeto de arte inclusiva que reune a Associação de Saúde Mental do Algarve (ASMAL), a Artis XXI e a Questão Repetida.
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No palco do Cine-Teatro Louletano vão estar 25 pessoas, 12 têm doença mental. O espetáculo é um trabalho de arte participativa que aposta na reunião de músicos profissionais da Orquestra Barroca d`Aquém Mar, cinco cantores líricos e o grupo de teatro do Sótão, formado por pessoas com doença mental.
"Os utentes [ da ASMAL] neste caso são os atores que vão ter a experiência de trabalhar com outros profissionais", explica Nídia Gonçalves. A professora de teatro cosidera que esta é uma forma destas pessoas se sentirem valorizadas e perceberem que "há dignidade neste trabalho artístico em coletivo".
O espetáculo, uma ópera-peça de teatro é muito visual e tem pouca palavra. A música, dramaturgia e encenação estão a cargo de Teresa Gentil com a direção musical de Jorge Macedo.
Aldara Bizarro, coreógrafa e co-encenadora, considera que o título da obra, "Vencer o Dia" é, afinal o desafio constante destas pessoas com doença mental." Para eles, é um dia após o outro. Se estiverem um dia bem, já é um ganho", frisa.
A estes atores especiais não têm faltado ensaios onde tentam dar o seu melhor. A coreógrafa salienta que eles gostam de se mostrar ao público e não são nada tímidos. No entanto, o Fernando denota algum nervoso miudinho para a estreia que se aproxima, apesar de estar feliz com a experiência que o levou a conhecer músicos e cantores profissionais. A ópera fala das rotinas diárias a que estes doentes estão habituados, mas ele acredita que a vida pode trazer muito mais.
"Não nos podemos tornar uns robots e fazer tudo automático", acentua. "É preciso dar valor ao amor, à vida e aos valores, isso é muito importante", considera.