Ao final da tarde deste sábado, em Vinhais, vão andar pelas ruas mil diabos à solta! É uma tradição da vila, do distrito de Bragança em que os homens, vestidos com fatos vermelhos, batem, com cintos nas pessoas, principalmente nas raparigas novas para lhes lembrar que está a começar um período de reflexão e sacrifício.
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Esta tradição única tem o seu dia na quarta-feira de cinzas, no início da quaresma na liturgia cristã. A autarquia decidiu passá-la para este sábado. Diz também a tradição que os diabos faziam de tudo para encontrar as raparigas que, para fugir às cinturadas, escondiam-se em casa. Depois de apanhadas eram levadas "à pedra", um local na praça central da povoação, onde eram mais castigadas.
Este ano, para lá dos mil diabos à solta vão acontecer várias encenações alusivas à tradição, durante a procissão de diabos, de uma à outra ponta de vila. No final e num espetáculo de fogo-de-artifício são queimadas as duas principais figuras da tradição: O Diabo e a Morte.
Pelo segundo ano consecutivo, a escola secundária da vila está a construir uma "morte" de sete metros que irá arder esta noite. "Estamos a construir a morte!" Diz Ana Paula Ortega, uma das três docentes de Educação Visual que desde janeiro se dedicam a preparar a "morte" de sete metros de altura. "Toda a gente das expressões plásticas e visuais achou que devíamos participar. Demos alguns retoques no que tinha corrido menos bem no ano passado, na fase de projeto e depois os professores é que trabalharam com os alunos", diz Rui Correia, o diretor da Escola Secundária Afonso III de Vinhais.
Há mais de um mês que os docentes Ana Ortega, Cândida Afonso e Alberto lebreiro não largam a morte, "Está no fim", acrescenta Ana Ortega. "Estamos a fazer o preenchimento da estrutura para depois vestir o fato". O fato de esqueleto, em cima do outro esqueleto de sete metros. Para já a morte está deitada no palco do salão de festas. Para se segurar de pé precisa de sapatos a condizer. "Têm um metro cada pé".
De pé, com boa disposição e com a ajuda de alguns alunos acrescenta o professor Alberto Lebreiro. "Alguns alunos têm participado principalmente os dos cursos profissionais, é uma envolvência de todos e aos pouquinhos. Aos pouquinhos faz-se a morte que esta noite há de arder e morrer num espetáculo dos diabos", diz Roberto Afonso da organização. "É um espetáculo grandioso com uma encenação grandiosa com mais de 50 atores profissionais que nos vão permitir recriar alguns quadros e ajudar a perceber às pessoas que venham pela primeira a Vinhais e aos mais novos, o que é isto dos diabos e da morte".
Noite fora haverá música tradicional com Galandum Galundaina e outras músicas com Fernando Alvim.