Yann Tiersen em Portugal: "Estava em estúdio a gravar mas queria ir para a rua gritar e protestar"

Da introspeção, na procura do Eu, na busca de um mapa interior até ao grito de revolta, o novo disco de Yann Tiersen reflecte esta viagem em duas partes distintas. Enquanto gravava na ilha onde vive (Ushant), decorreram eleições na Europa e em França e, com a subida dos resultados de partidos de extrema-direita, Yann Tiersen confessa que, por vezes, pensava em deixar a gravação (e a ilha), para participar nas manifestações antifascistas. Não é de agora a intervenção política de Yann Tiersen, já em 2010 deu a conhecer a canção "Palestine" no álbum "Dust Lane", depois de ter atuado na cidade de Gaza e do local ter sido bombardeado por Israel um ano depois dessa atuação.

Rathlin from a Distance/The Liquid Hour é um álbum dividido em duas partes distintas e interligadas, cada uma com as suas caraterísticas sónicas únicas. Rathlin from a Distance inclui oito faixas de piano instrumental introspetivo. The Liquid Hour é uma mistura expansiva e desafiadora de estilos musicais, misturando eletrónica e ritmos psicadélicos. Os espetáculos em Portugal vão ter também este conceito e apenas duas canções fora do alinhamento do novo álbum; Kerber e Palestine.

Mas se a política faz parte dos tópicos do músico francês, as questões climáticas são outros dos aspetos da urgência de Yann Tiersen que está a redefinir o conceito de digressão e a desafiar as normas instaladas. Desde a sua digressão solitária de inverno pela Europa, de Brest a Tallinn, sem equipa técnica e apenas na companhia do seu cão, a conduzir a uma velocidade máxima de cerca de 100 km/h na sua carrinha, evitando os habituais adereços do consumismo turístico (hotéis, lista de exigência de camarim) e a dormir na sua autocaravana, passando pelas viagens a bordo do seu veleiro Ninnog, no qual navegou pela Irlanda, Ilhas Faroé, Escócia, Ilhas Shetland, País de Gales e Cornualha (em breve acrescentará o Ártico à lista).

Yann Tiersen atua em Portugal esta terça-feira, 11 de novembro, no Coliseu do Porto Ageas e quarta-feira, dia 12, no Sagres Campo Pequeno, em Lisboa. A primeira parte do espetáculo ficará a cargo de Alice Boyd & Rachel Kitchlew.