Fechamos a semana de "estórias" da História do Clássico Benfica-Porto com o jogo de 5 de novembro de 1972, no Estádio da Luz, em que aconteceu a maior "cambalhota" no marcador em confrontos entre Benfica e Porto: os encarnados chegaram a 15 minutos do fim a perder 0-2 mas acabaram por vencer (3-2).
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Antes de se iniciar a nona jornada da Liga Portuguesa 1972/73, que incluía um Benfica-Porto, na Luz, era bem diferente o estado de espírito vivido nos dois clubes: o Benfica começara da melhor forma o caminho para mais um tri-campeonato (depois dos dois conseguidos na década de sessenta), seguindo na liderança isolada (quatro pontos à frente do segundo, o Belenenses), com oito vitórias em outros tantos jogos e um score de 35-2 em golos; já o Porto (que fora campeão pela última vez em 1959) era nono classificado, com duas vitórias, dois empates e duas derrotas.
Por tudo isto, ninguém esperaria que a 15 minutos do fim do clássico os portistas estivessem a vencer por 2-0 (golos de Abel e de Flávio). Mas nesta altura os jogos na Luz eram muito longos para os adversários. Basta dizer que os encarnados não perdiam em casa para todas as competições há 52 jogos, desde fevereiro de 1970 (0-1 com a CUF).
Desta vez, o então famoso quarto de hora à Benfica viu um FC Porto totalmente ultrapassado pelos acontecimentos, com golos de Vítor Baptista (aos 75 minutos), Jaime Graça (76) e Humberto Coelho (90). Estava consumada a maior reviravolta de sempre em jogos entre as duas equipas, com o golo decisivo a ser apenas um dos 75 que Humberto apontou ao serviço das águias - uma marca que continua a ser recordista para um defesa no futebol português.
Com esta derrota, o Porto ficou praticamente arredado, mais uma vez, da luta pelo título, depois do enorme investimento feito no início da época, que incluiu a contratação de um treinador, o chileno Fernando Riera, que fora feliz no Benfica, onde conquistara três títulos nacionais (1963, 1967 e 1968).
Para o Benfica ficava ainda mais aberto o caminho para a conquista do tri, conseguindo mesmo a maior vantagem pontual da sua história: 18 pontos sobre o vice-campeão, o Belenenses. O Vitória de Setúbal (de Pedroto) seria terceiro classificado, o Porto quarto e o Sporting quinto.
Para que se tenha ideia do poderio deste Benfica, treinado pelo inglês Jimmy Hagan (também tri-campeão), os encarnados acabaram o campeonato com 28 vitórias e dois empates (um dos quais nas Antas). Curiosamente, terá sido no jogo da Luz frente aos portistas que mais perto estiveram de ser derrotados.
Mas de uma equipa que tinha nas suas fileiras jogadores como Humberto Coelho, António Simões, Jaime Graça, Vítor Martins, Toni, Jordão, Nené, Vítor Baptista, Artur Jorge e... Eusébio (que mesmo em final de carreira ainda marcou 42 golos no total dos jogos dessa temporada), tudo era de esperar, como os portistas perceberam nesse dia 5 de novembro de 1972.
Registe-se, para terminar, que quase 40 anos depois houve finalmente uma equipa capaz de alcançar um registo enquanto campeão quase tão impressionante como o deste Benfica: o Porto de Villas-Boas, que terminou a Liga 2010/11 com 27 vitórias e três empates.
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