Clube celebra 91 anos. Ou seja, é uma boa desculpa para lembrar craques das últimas três décadas. De Baggio a Effenberg, passando por Brian Laudrup e Amor, culminando no golo de fábula de Bressan.
Corpo do artigo
Para os portugueses a Fiorentina, que celebra esta terça-feira 91 anos, é o clube de Rui Costa. Para o mundo, é a equipa de Gabriel Batistuta, o potente bombardeiro implacável que batia com os dois pés. Mas antes, senhores, antes foi a casa de Roberto Baggio. Um dos maiores génios da história do futebol italiano jogou no Artemio Franchi entre 1985 e 1990. A camisola roxa com o 10 cravado assentava-lhe bem, como assentara à porventura maior lenda do clube: Giancarlo Antognoni.
Reza a lenda que a mudança de Baggio da Fiorentina para Juventus não foi pacífica (pela rivalidade impercetível no número de troféus). Houve até lançamentos de tijolos e cocktails molotov. A lenda continua e ganha músculo com o regresso de Baggio a Florença. É que a Juve ganhou um penálti e o craque rejeitou batê-lo. Depois, foi substituído e sacou do chão um cachecol da Fiorentina, enviado por quem o amava incondicionalmente. O "10" apontou para a claque especial do Franchi, o que motivou mais calor entre clubes. E desanimo entre os adeptos da Juve, que esperavam outro compromisso...
7-Vbr2vFgEA
No final da década de 80, chegou outro "craque". Não pelos dotes técnicos, mas pelo que representaria para o seu país principalmente. Dunga, que jogou em Florença entre 1998 e 1992, levantaria o caneco de Campeão do Mundo em 1994, na tal final onde Baggio chutaria um penálti para as nuvens.
Em 1992 aterraram na Toscânia meninos como Mazinho, o trinco e pai de Thiago e Rafinha Alcântara, Effenberg e Brian Laudrup. A Fiorentina, apesar de ter sido o primeiro clube italiano a chegar à final da Taça dos Campeões Europeus (vs. Real Madrid, 1957), nunca se agigantou na sua história, mas contou com vários craques nas suas fileiras. Bom, os Viola conquistaram o scudetto em 1956 e 1969, a que juntariam cinco taças de Itália e uma Taça das Taças, em 1961.
f_-5tFp1oOQ
Toldo, o guarda-redes que parecia eterno para aqueles lados, encheu a baliza entre 1993 e 2001. Esteve, portanto, no tal jogo mítico no Estádio da Luz, onde Rui Costa (1994-2001) regressou, marcou e chorou. "Foi o pior golo da minha vida", diria depois num anúncio associado aos encarnados.
Mas esta década de 90 deixou mais uns bombons para recordar: Márcio Santos, Schwarz, Kanchelskis, Edmundo, Torricelli, Balbo e Di Livio são outros bons exemplos. Este último foi um importante capitão, que acompanhou o clube até à descida ao quarto escalão. Guillermo Amor, um homem da Dream Team de Johan Cruijff, juntou-se aos Viola em 1998. Mijatovic, o herói da final da Champions de 1998 (Real-Juve), imitou-o no ano seguinte. Balbo, Chiesa, que agora tem o filho na primeira equipa da Fiorentina, e Bressan juntaram-se ao clube no final do século. Sim, Bressan. O italiano ganhou o direito a estar nesta lista porque inventou um pontapé de bicicleta de fora área. Contra o Barcelona. Na Liga dos Campeões.
dtELTmFr8Ys
Agora que já satisfizemos a memória, ou até o desconhecimento, lembremos outros meninos que por lá passaram. Nuno Gomes jogou lá dois anos e festejou uma Taça de Itália. Depois, chegaram vários craques como Adriano, Nakata, Miccoli, Stefano Fiore, Luca Toni, Mutu, Vieri, Jovetic e Gilardino.
Mais recentemente tivemos direito a ver de roxo e com queda para o futebol Borja Valero, Juan Vargas, Mario Gómez, Joaquín, Alonso (agora no Chelsea), Kalinic (acabado de chegar ao Milan) e Bernardeschi, que trocou a Fiorentina pela Juventus, algo que não motivou nenhum motim porque não deixou a "10" aquecer nas costas...
A título de curiosidade, fica a nota: Piccini, agora no Sporting, e Seferovic, avançado do Benfica, passaram no clube quando tinham 18 e 19 anos, respetivamente. Os miúdos de agora são filhos de lendas: Hagi e Chiesa. Ao nível de treinadores também tem sido uma viagem engraçada, mas os mais interessantes talvez tenham sido Claudio Ranieri, que recuperou a Fiorentina do abismo, Trapattoni, Prandelli e Montella.
Para os portugueses a Fiorentina era o clube de Rui Costa, agora de Gil Dias e Bruno Gaspar. Para o mundo, continua a ser a equipa de Gabriel Batistuta , o potente bombardeiro implacável que batia com os dois pés. Mas a Fiorentina nunca foi um bocadinho de Baggio. E podia ser. Pelo menos para os incuráveis românticos que ficam com pele de galinha quando pensam nos idos anos 90...