Na jornada (22) que marca a entrada no último terço do campeonato, o Sporting recebe este domingo o Braga, num jogo fundamental para as duas equipas, ainda que por razões bem diferentes.
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Por muito que custe aos seus jogadores, responsáveis e adeptos, é irrealista pensar que o Sporting entra neste últimos terço do campeonato como candidato ao título. Tanta desvantagem pontual para tantos adversários retira aos leões esperanças fundadas de chegar ao fim da prova no topo da classificação, pelo que os objetivos de temporada têm que ser mesmo reformulados por Marcel Keizer e companhia.
Começando já neste jogo perante o Braga, que chega a Alvalade com sete pontos de avanço sobre o anfitrião. Uma derrota perante os minhotos atiraria o Sporting para a forte probabilidade de terminar a liga na quarta posição ou até de ter de lutar por esse lugar com Moreirense e/ou Vitória de Guimarães.
Também por isso o papel que está reservado para os leões neste jogo é muito ingrato: receber um candidato ao título que, de certa forma, procura ocupar o seu lugar histórico - o de disputar o principal troféu nacional com Benfica e FC Porto.
Para recolocar as coisas no seu lugar, o Sporting tem que bater o Braga, dando um primeiro passo para o ultrapassar no campeonato e, ao mesmo tempo, manter alguma esperança de ainda atingir pelo menos o segundo lugar, que dá acesso (indireto) à Liga dos Campeões.
Já para o Braga, o caminho para o título há tanto sonhado passa quase obrigatoriamente por vencer em Alvalade. Não só para impedir que Porto e Benfica lhe fujam na classificação, mas também por uma questão "emocional" ou, se preferirem, cultural. Os "Guerreiros do Minho" continuam a ter grandes dificuldades em jogar na casa dos grandes, como ficou bem patente na goleada sofrida na Luz, pouco antes do Natal. Para poder afirmar-se como real candidato ao lugar mais alto, o Braga tem que superar esse bloqueio, também mental.
Além de que, depois deste encontro, ao Braga apenas restarão duas deslocações de grande risco: Vila do Conde e Moreira de Cónegos, podendo portanto dizer-se que decidirá o campeonato em sua casa, onde nesta época tem sido imperial, impondo-se como a melhor equipa do campeonato na condição de visitado (com 10 vitórias e um empate). Sendo que Porto e Benfica também terão que visitar a Pedreira, ou seja, ganhar em Alvalade será para o conjunto de Abel Ferreira um autêntico passaporte para a maioridade na luta pelo título.
Os dados estão lançados
Além dos sete pontos à maior, o Braga chega a Alvalade mais descansado. Tem jogado menos vezes do que o Sporting nas últimas semanas e não entrou em campo na quinta-feira para a Liga Europa, como foi o caso dos leões.
A juntar a estas vantagens, o momento do Braga no campeonato é indiscutivelmente melhor do que o do Sporting, que nos últimos oito jogos, perdeu três (Guimarães, Tondela e em casa com o Benfica), empatou dois e só ganhou três, desperdiçando 13 pontos e conquistando somente 11. Já o Braga nos tais oito últimos jogos da liga venceu seis, empatou um (em Portimão) e perdeu um (na Luz). Ganhou mais sete pontos do que o Sporting - exatamente os que tem neste momento de avanço sobre o leão.
Aliás, o Braga, só conta com duas derrotas em toda a prova (no Dragão e na Luz), que são também as únicas em toda a temporada. Mas não deixa de ser um facto que os minhotos ainda sentem algumas dificuldades de afirmação fora de casa, onde deixaram escapar quase todos os pontos que perderam no campeonato (12 em 14).
Comparando o desempenho do Sporting e do Braga facilmente se percebe que a principal diferença está na consistência defensiva: os nortenhos defendem melhor e sofrem menos golos (18 para 25). Desde o desastre na Luz (onde concederam seis golos) sofreram apenas um tento nos derradeiros sete jogos da liga ( na jornada passada, vitória por 2-1 frente Chaves).
As duas equipas têm números ofensivos semelhantes (41 golos do Sporting e 40 do Braga), embora os lisboetas criem mais situações de golo em média por jogo (4,5 contra 4) e rematem mais (16 contra 14), o que significa que os minhotos possuem uma eficácia superior.
Nesse particular, destaque para o prometedor duelo deste domingo entre aqueles que são os avançados mais eficazes do campeonato: Bas Dost (terceiro melhor marcador, com um aproveitamento de 63% das ocasiões) contra Dyego Sousa (líder dos goleadores, com 61% de aproveitamento). Registe-se que quase todos os outros principais artilheiros da liga se ficam pela casa dos 30% de eficácia na concretização das oportunidades de golo.
Dyego e Dost estão ainda, naturalmente, no topo do ranking dos mais influentes na liga, sendo que Dyego conta com cinco assistências. O brasileiro teve participação determinante em 19 dos 40 golos do Braga.
Do lado do Sporting, o mais influente é Bruno Fernandes, que participou diretamente em 16 dos 41 tentos do Sporting, marcando 10 e assistindo em seis. Se somarmos os golos e assistências de Fernandes e Dost percebemos que os dois estiveram na esmagadora maioria dos golos leoninos no campeonato (cerca de 30 em 41).
Em termos das principais armas coletivas das duas equipas, o Braga é mais forte nas transições rápidas (quase metade dos seus golos de bola corrida surgem na sequência de ataques rápidos), enquanto o Sporting marca muito mais (66%) em ataque organizado.
Quanto aos golos de bola parada, se descontarmos os golos de penálti, o Braga é claramente superior. Já marcou 11 vezes na sequência de cantos, livres e lançamentos laterais (só o Porto faz igual), enquanto o Sporting se fica pelos seis golos marcados neste tipo de jogadas.