Acusações de agressão. "Se for preciso", Conceição deixa o futebol para "provar" a sua versão
"Aquilo que eu sou, como homem, como pai, é muito mais importante do que qualquer carreira desportiva", diz o treinador do FC Porto.
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O treinador do FC Porto, Sérgio Conceição, disse esta terça-feira que "se for preciso deixar o futebol para provar" a sua versão das alegadas agressões durante um torneio de futebol juvenil em Espanha, faz uma pausa na carreira.
"Os meus advogados estão a tratar da situação e estão em Espanha neste momento para fazer aquilo que tem a fazer, no fundo. E se for preciso eu meter uma pausa no futebol, sinceramente, e deixar o futebol para provar tudo aquilo que eu estou a dizer, eu deixo, porque a minha honra, aquilo que eu sou, como homem, como pai, é muito mais importante do que qualquer carreira desportiva", disse o técnico portista ao jornal O Jogo, no Olival.
Sérgio Conceição foi acusado pelo autarca de Cartaya, localidade na região de Huelva, de ter agredido um árbitro e o próprio autarca durante um torneio de sub-9, no qual participou o filho mais novo do treinador. O técnico dos dragões reitera a outra versão da história: "Este desgaste vem porque fiquei incrédulo ao saber que a pessoa que perdeu o controlo, ele sim perdeu o controlo, era um eleito local. Primeiro, agrediu, não uma vez, várias vezes um jovem de 22 anos, que por acaso é o meu filho."
Fonte da Guarda Civil de Cartaya, no Sul de Espanha, adiantou esta segunda-feira que foi chamada no domingo ao recinto desportivo onde decorria a final da Taça Gañafote entre as equipas de sub-9 de FC Porto e Sevilha, devido a "uma altercação" e "para expulsar" Sérgio Conceição do balneário, onde o treinador dos vice-campeões nacionais entrou sem autorização no final do duelo vencido pelos andaluzes. O autarca local, Manuel Barroso, apresentou uma queixa contra Sérgio Conceição, revelou a Guarda Civil, uma força de segurança espanhola similar à Guarda Nacional Republicana em Portugal.
Em declarações à Antena Huelva Radio, Manuel Barroso disse que Sérgio Conceição e outras pessoas que o acompanhavam de perto agrediram o árbitro e o edil de Cartaya.
"Após o apito final, chamou-me um funcionário. Disse-me que umas pessoas acabavam de entrar no terreno de jogo para agredir o árbitro. Corri a ajudá-lo, o homem [o árbitro] estava a entrar no túnel. Antes de entrar, um deles deu-lhe uma bofetada. Coloquei-me no meio, para servir de escudo, e perguntando quem eram eles para saltar para o relvado, porque não podiam saltar assim para o relvado. Com uma atitude grotesca e arrogante, disseram-me: 'Não sabes com quem estás a falar'", disse o presidente da câmara local.
Manuel Barroso contou que, assim que se identificou como autarca de Cartaya, o grupo começou a empurrá-lo e a agredi-lo, agarrando pelo seu pescoço, com o edil a procurar resistir até à chegada das autoridades, ficando, posteriormente, a saber que um desses homens era Sérgio Conceição, a quem perguntou se não tinha vergonha pela conduta.
"Mas continuou a faltar-me ao respeito e até me ameaçou de morte", garantiu o autarca, que disse ter apresentado uma queixa pessoal na Guarda Civil e que a câmara daquele município da província de Huelva fará o mesmo ao abrigo da lei espanhola do desporto.
"Penso que uma pessoa assim deveria ser castigada. Organizamos este torneio para as crianças se divertirem e continuarem a praticar desporto. Esta imagem foi lamentável", admitiu Manuel Barroso, numa versão desmentida pela defesa do treinador do FC Porto.