Afeto, ternura, emoção. Era assim Maradona, o "miúdo grande" que Manolo Bello entrevistou
O único jornalista em Portugal que entrevistou Maradona contou à TSF como "montou guarda" durante horas no hotel onde El Pibe estava hospedado. Foi em 1989, quando o Nápoles jogou em Lisboa com o Sporting, para a Taça UEFA.
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Foi através do preparador físico de Maradona que o então repórter da RTP conseguiu uma entrevista que guarda para sempre na memória e na história da sua carreira. Galego a viver em Portugal, Manolo Bello "aproveitou-se" disso mesmo: "sou um emigrante galego em Portugal; e tu és um emigrante argentino em Itália. Ajudas-me a conseguir uma entrevista?". Estava aberto o caminho.
Horas depois, a "promessa " foi cumprida. "Lá fomos nós, com os outros jornalistas todos atrás". O hotel cedeu um quarto, mas só Manolo Bello conversou - e filmou - com Maradona durante meia hora. Uma entrevista que todos queriam, mas que só um conseguiu.
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Durante cerca de meia hora, Maradona e Manolo conversaram sobre quase tudo, menos sobre futebol. "Sobre futebol, perguntavam todos". Surpreso, o repórter encontrou a pessoa "com a maior qualidade humana que vi à minha frente". "De uma afetividade, ternura, emoção..." que não esperava, pois o craque argentino já era uma estrela mundial, na altura.
Falaram da família; dos "amigos" que Maradona diziam serem apenas "os que jogaram comigo à bola na rua, quando ainda não era conhecido"; da vontade de adotar um menino negro, simplesmente pela "emoção que me transmite o olhar de um menino negro"; das suspeitas de ligações à Máfia, que levaram o craque a querer dizer à filha, então bebé, que "não sou um mafioso... ela vai ouvir-me, um dia".
Com a voz, rouca por natureza e embargada pela emoção do momento, Manolo Bello confessa que hoje é um dia "muito triste": desapareceu um "miúdo grande".
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