Aliar desporto ao desenvolvimento pessoal: arranca o torneio nacional de futebol de rua, feito a pensar nos mais vulneráveis
Mais de 300 pessoas participam, este fim-de-semana, no Torneio Nacional de Futebol de Rua. Este desporto caracteriza-se por ter como protagonistas pessoas com maior fragilidade socioeconómica. Desta competição vai sair a equipa que vai representar Portugal no Mundial de Futebol de Rua, que se realiza em Oslo
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Beja recebe, até domingo, o Torneio Nacional de Futebol de Rua, uma competição feita a pensar naqueles que vivem, ou já viveram, situações de maior vulnerabilidade socioeconómica. A prova repete-se há vinte anos e tem como principal objetivo "promover o acesso à prática desportiva, enquanto se promove o desenvolvimento pessoal dos jogadores e jogadoras que participam", explica à TSF o coordenador do projeto, Gonçalo Santos.
O torneio, organizado pela Associação Cais, regista este ano uma participação recorde com 29 delegações de vários pontos do país, mas também da Polónia e do México. São cerca de 300 os jogadores e jogadoras que vão lutar por um lugar no Mundial de Futebol de Rua, que este ano acontece em Oslo, na Noruega, entre 23 de agosto e 30 de agosto 2025.
"A maior parte dos nossos jogadores vêm de um contexto de bairros de realojamento e são apoiados por organizações sociais que estão no terreno junto dessas comunidades, mas hoje em dia estereotipar o jogador ou a jogadora de futebol de rua é mais complexo do que era há vinte anos, porque, efetivamente, as realidades do país mudaram muito", detalha Gonçalo Santos.
Durante cinco dias, os jogadores estão em Beja, não só para competir, mas também para participar em atividades culturais, criativas e educativas, "sempre com o objetivo de promover o desenvolvimento pessoal". Em paralelo, a Associação Cais também desenvolve um conjunto de formações para antigos jogadores que queiram continuar envolvidos no projeto, seja como treinadores, responsáveis, educadores sociais ou árbitros.
Quanto às expetativas para o torneio nacional e para o Mundial de Futebol de Rua, Gonçalo Santos diz que o importante "é ter bons jogos, bem disputados, bom futebol e com fair play". O coordenador do projeto salienta que o fair play é um dos aspetos mais importantes da competição. "As equipas têm um sistema de pontuação, ganham ou perdem pontos de acordo com as faltas, a atribuição de cartões e tudo mais. Portanto, há aqui uma relevância grande que é dada ao fair play. E, acima de tudo, queremos que demonstrem fair play, que coloquem em campo as aprendizagens que fizeram nas várias atividades educativas", adianta.
Gonçalo Santos espera que os jogadores e jogadoras vivam a experiência como um momento transformador. "Frequentemente ouvimos os jogadores e jogadoras de futebol de rua a dizer que esta é a melhor semana da sua vida, e é isso que lhes queremos proporcionar, que seja uma vez mais a melhor semana do ano, uma experiência transformadora, que sejam cinco dias que marcam não só as próximas cinco semanas, como também os próximos cinco meses, os próximos cinco anos das suas vidas, que sejam um catalisador para a mudança", afirma igualmente.
No ano passado, a seleção portuguesa de futebol de rua ficou em quinto lugar, no mundial que decorreu em Seul, na Coreia do Sul. Até agora Portugal só conseguiu conquistar o pódio uma vez, em 2016, em Manchester.