Para os adeptos de futebol "a sério" nada melhor do que aqueles jogos em que o empate não serve a nenhuma das duas equipas - é o que se passa no Braga-Porto deste sábado, na capital do Minho.
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Depois da pausa para as seleções, a Liga Portuguesa entra na sua última parte: as oito últimas jornadas nas quais tudo se vai decidir. E, no que à luta pelo título não podia começar melhor, com dois dos três candidatos a defrontarem-se.
É verdade que o Braga é um candidato menor quando comparado com Benfica e Porto - afinal de contas está a cinco pontos dos líderes, mas também é um facto que ainda os recebe em sua casa.
O mais curioso é que, provavelmente, a grande força dos Guerreiros do Minho (e o maior perigo para os seus adversários diretos) passa exatamente por essa condição de semicandidato ao título que retira alguma pressão aos bracarenses. É o que acontece no jogo deste sábado, em que a pressão está claramente do lado do Porto, que não pode dar-se ao luxo de ver o Benfica voltar a fugir na classificação nem permitir a aproximação do Braga, pondo até o segundo lugar (a Liga dos Campeões) em risco.
Por tudo isto, é legítimo esperar um grande jogo na Pedreira, com as duas equipas a jogarem apenas para ganhar.
Nas três últimas jornadas, o Braga recuperou do pior período da época, depois de ter perdido três jogos seguidos, com o Sporting (Alvalade), o Belenenses (em casa) e o Porto (no Dragão, para a Taça), sofrendo oito golos e marcando zero. Este foi um período verdadeiramente negro para uma equipa que chegara a meio de fevereiro com apenas uma derrota em todas as competições (na Luz, para o campeonato). Os comandados de Abel Ferreira cerraram fileiras e somente sofreram um golo nessas derradeiras três partidas, obtendo três triunfos pela margem mínima.
Quanto ao Porto, teve também que recuperar alento depois dos empates consentidos fora de casa (Alvalade, Guimarães e Moreira de Cónegos) que, juntamente com a custosa derrota caseira com o Benfica, lhe custou a vantagem de sete pontos que chegou a ter sobre os encarnados.
O que pode fazer a diferença
Nos últimos encontros, o Porto tem resolvido os seus problemas ofensivos com golos de bola parada. Também por isso o Dragão é o rei dos golos de bola parada no campeonato: 17 (mais dois de penálti), contra 13 do Benfica, 12 de Aves e Santa Clara e de 11 do Braga).
Note-se que seis dos últimos nove golos do Porto no campeonato foram de bola parada, sendo que nos últimos dois jogos marcou três vezes após canto, e nos últimos quatro encontros leva três golos de canto e dois de livre.
Neste momento há grandes probabilidades de um golo marcado pelo Porto surgir na sequência de lances de bola parada: é o que acontece quando se tem no onze nomes como Pepe, Filipe, Militão, Danilo, Soares e Marega.
Já o Braga não marca de bola parada há quatro jogos, mas a par do Porto é das equipas mais fortes do campeonato em termos de golos apontados de cabeça: o Porto tem 14 tentos deste tipo e o Braga tem 12.
O principal ponto forte da equipa de Abel Ferreira são os ataques rápidos. Metade dos seus golos em jogadas de bola corrida surgem desta forma (14 em 29), muito bem divididos pelos três corredores ofensivos.
É um facto que o Porto é uma autêntica fortaleza defensiva. 15 golos sofridos em 26 jogos, uma das defesas menos batidas da Europa, abaixo dos 0.6 tentos por jogo, ao nível do Liverpool, PSG e PSV. Mas atenção que o Braga não fica atrás do Porto no número de golos sofridos em casa (ambos sofreram oito) e somente o Vitória de Guimarães faz melhor (7).
Em casa, o Braga só não marcou num jogo (Belenenses) e não sofreu qualquer golo em oito partidas. Não é por acaso que possui o melhor registo caseiro (a par do Sporting), com uma derrota e um empate em 13 partidas.
Quem pode fazer a diferença
Tendo em conta os últimos jogos, apetece dizer que é provável que não sejam os suspeitos do costume a fazer a diferença no jogo da Pedreira.
No Braga, Dyego Sousa - segundo melhor marcador do campeonato, com 14 golos - não marca há cinco jogos no campeonato (seis se contarmos o jogo da Taça com o Porto e oito se contabilizarmos os encontros pela seleção).
Curiosamente, os três melhores marcadores da Liga não marcam há algum tempo na prova: Seferovic (15 golos), está há três jornadas sem marcar (no seu caso, também devido a lesão), Dyego (cinco jogos sem faturar) e Dost (não marcou nos últimos quatro jogos)
Do lado do Porto, também Marega e Soares têm marcado pouco. Soares só marcou um golo nos últimos seus encontros de campeonato e Marega não faturou nas últimas nove partidas da Liga.
Assim sendo, no Braga as principais alternativas goleadoras a Dyego são Wilson Eduardo (8 golos) e Ricardo Horta (7). Já no Porto, muita gente tem marcado, até pela quantidade elevada de golos de bola parada: 19 portistas fizeram até agora o gosto ao pé no campeonato. Comparativamente, no Benfica há 15 futebolistas com tentos apontados na Liga, no Sporting há 12 e no Braga 11.
A história pende para o Porto, mas...
Nos últimos confrontos diretos o Porto tem vencido (derradeiros quatro jogos), mas três deles foram jogados no Dragão, incluindo o da primeira mão da meia final da Taça de Portugal. O que significa que esta época o Braga já foi derrotado duas vezes pelo Porto (4-0 em golos).
Em Braga, as coisas têm sido mais equilibradas: nos últimos 10 jogos, temos seis vitórias do Porto, dois empates e duas vitórias minhotas.
Na Liga, nas três últimas deslocações do Porto a Braga registaram-se os três resultados possíveis, mas antes disso foram cinco os triunfos consecutivos para os portistas (de 2011 a 2015).
Nota: A antevisão do Braga-Porto foi apenas um dos temas do programa Números Redondos desta semana (na antena da TSF, às sextas-feiras, às 20.30) - que pode ouvir aqui, na íntegra - no qual abordamos ainda os empates da seleção e as meias-finais da Taça.